quarta-feira, 28 de março de 2012

Mudanças (quase que) contínuas


Mudar é uma delícia. Dá trabalho, é verdade, exige certa organização que eu ainda não tenho, mas mesmo assim é ótimo.
É bem verdade que em um ano e meio e já mudei de casa cinco vezes, passando por experiências interessantíssimas. Por outro lado, dá até para dizer que muitas coisas mudaram, sobretudo nos últimos quatro anos.
Isso porque, apesar de nessa época eu ter morado no mesmo local, quando para pensar, a cada período estava com um grupo de amigos diferentes. E isso me proporcionou momentos muito bacanas e diferentes entre si.
Havia a turma mais intelectual, a turma mais festeira, a turma que ama cozinhar, o pessoal mais junkie, o povo da vida saudável...
Parece que cada vez que olhava para o lado estava numa cena diferente. E isso continua a acontecer...
Com isso, pude perceber os olhares diversos que as pessoas têm de mim. Muito engraçado – é como se cada grupo visse apenas uma faceta daquilo que eu posso ser. E é possível ser várias coisas diferentes sendo apenas uma pessoa – eu adoro isso.
Se você nunca mudou, experimente... é tão gratificante! Vá para qualquer lado. E diferentemente do poema do Edson Marques (que em vários sites aparece como se fosse da Clarice Lispector), que diz “mude, mas comece devagar porque a direção é mais importante que velocidade”, eu diria mude, devagar ou rápido, porque mais importante que a direção ou a velocidade é a mudança em si. É a única forma de viver várias vidas em uma, ainda que não simultaneamente.
E carpe diem... porque afinal tudo pode (e deve) mudar!


*****

E com diz a canção do Gang of Four:
“The change will do you good i always knew it would”

*****

E sem falar que agora eu tenho uma sala IMENSA e eu só penso em fazer festa...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Tesão de Show


Este final de semana eu assisti a dois shows: Sisters of Mercy e Morrissey. E enquanto presenciava as performances, ouvia o som, via a reação da platéia, ficou difícil não fazer analogias. E ter lembranças.
A primeira lembrança é adolescente. Claro, conheci os dois no mesmo momento, sempre ouvia os dois nos locais que freqüentava, gravei fitas k7 com esses sons para mim e para alguns amigos. Depois, vieram todas as baladas, festas e pessoas que compartilharam esse gosto comigo.
Então foi assim:

Sábado a noite Sisters of Mercy.


Muita expectativa, não havia conseguido ir ao show de 2009, e em 1990 eu tinha apenas 12 anos (ah, se eu fosse um whisky...).
O que eu sabia: o show de 2009 aparentemente não tinha agradado muito pela frieza da banda... Mas o que se queria? Que o vocalista gritasse “Tira o pé do chão!”?; Houve muita fumaça, e não se via o baterista... Epa... mas o sisters não tem baterista humano. A bateria é eletrônica, conhecida como Doktor Avalanche; O que eu vi e ouvi: Fumaça; Áudio baixo; Uma camiseta amarela (?!?!?!?), que penso ser algum tipo de homenagem ao Brasil... A voz cavernosa do Andrew continua a mesma. Mas cadê o cabelo? Que barba é aquela... Ok, isso não vai influenciar a qualidade da música.
Dizer que eu não gostei do show, assim, com letras maiúsculas, seria mentira. Claro que eu gostei – eu amo Sisters, então ouvir Kiss the Carpet, Ribbons, Doctor Jeep / Detonation Boulevard, Crash and Burn, Alice, Amphetamine Logic, Arms, Dominion / Mother Russia, Summer, On the Wire, Gift That Shines, First and Last and Always, This Corrosion, Pipeline, More, Flood II, Something Fast, Lucretia My Reflection, Rain From Heaven, Temple of Love, Vision Thing, foi simplesmente maravilhoso. Além do mais, o show foi no Via Funchal, que eu considero um dos melhores lugares para shows – você enxerga de todos os lugares, não precisa ir ao bar pois os vendedores vem até você, é mais largo que comprido e arejado – às vezes até frio demais, e olha que sou calorenta!
Dizer que eu gostei, também, seria talvez mentiroso – o áudio estava ruim, e algumas músicas foram tocadas de uma maneira curta e simples, como, por exemplo, Temple of Love – isso deixa muito a desejar. Show curto, breve, acabado após duas voltas para bis... Senti falta da cover dos Stones Gimme Shelter, da cover dos Stooges 1969, de Walk Away, Valentine, Body and Soul, enfim da obra completa... Eu sempre quero tudo. Saí com vontade de colocar o cd, para ouvir melhor as músicas... Fui pro Madame dançar, quase a mesma coisa, ;)
Foi como sexo com alguém que já foi bem um dia, mas hoje já não manda tão bem, e o que salva é o carinho que se sente. Esse talvez seja o problema das expectativas. E ficamos nessa.

Domingo de Morrissey.

Cheguei cansada e já tecendo comparações... a que mais martelou na cabeça foi a idade de Morrissey e do Andrew (sisters): ambos com 52 anos... Será que o Moz iria também ser frio? Eu fora ao show de 2000, e lembro que gostei, apesar de na época o tio ainda estar brigada o Johnny Mars e evitar tocar coisas dos Smiths. Naquela época, eu conhecia bem pouco de sua carreira solo.
Mas agora ia ser diferente: carreira solo solidificada, certa reconciliação com o som dos Smiths, bons ventos vindos de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde ele tocou dias antes.
O que eu vi e ouvi: primeiro, uma casa lotada, que não tem aquela espaço em escada, que permite que quem está mais para trás veja como quem está frente. Ou seja, como eu estava na pista comum e não na premium, fiz das tripas coração para chegar à grade limite entre as duas, foi uma luta árdua, mas consegui.
Ai começa um show de abertura: Kristeen Young... legal curti, mas é sempre aquela coisa... o povo está lá para ver o Morrissey, então mesmo sendo um som bom, não se vê a hora da mulher ir embora. E ela vai! E ai começa uma sucessão de videoclipes antigos... Ok, legal, mas de novo, cadê esse homem que não vem logo! O resfriado e o cansaço começam a pesar, eu dou uma olhada para ao bar, que está a milhares de pessoas de mim, e desisto... deixo a cerveja para depois.
E eis que as 21h05 o show começa! E que show! Cativante, Morrissey entra de corpo e alma na música, e todo mundo canta junto (eu tento, mas estou quase sem voz). Moz conversa com o público, dança, enfim delírio. Aos sons dos Smiths eu me emociono demais! Não tem como, sua carreira sola é impecável e as letras continuam maravilhosas, mas nada supera a dor cantada pelos Smiths.
Sabe aquela analogia... desta vez tesão total!

*****

FIRST, LAST AND ALWAYS: Mine! Independente de qualquer coisa, eu sigo amando o Sisters, e se o preço não for exorbitante, continuarei indo aos shows.
Ainda há esperança em maio teremos The Mission no Cine Jóia, que eu considero um espaço bem mais bacana do que o Espaço das Américas. Só pra lembrar, o vocal do Mission era guitarrista do Sisters, e compôs varias musicas da irmandade da misericórdia. Para alegria dos góticos,
Quanto ao Morrissey, só tenho a agradecer: você continua o Máximo, seu lindo!!! E eu continuo a mesma adolescente sofredora, que se emociona com suas músicas!

*****

Proponho uma utopia: que tal um manifesto gótico para um mundo mais feliz?

Alice in her party dress
She thanks you kindly
So serene
She needs you like she needs her tranqs
To tell her that the world is clean
Promise her a definition
Tell her where the rain will fall
Tell her where the sun shines bright
And tell her she can have it all
Today
(Alice, Sisters of Mercy)

segunda-feira, 5 de março de 2012

As causas das crises de ansiedade


Hoje me senti extremamente ansiosa. Uma coisa de querer sabe aquilo que não dá para saber, de ficar meio sem ar, com a cabeça doendo de tanto pensar. Então, para não perder meu tempo com isso fiz duas coisas. A primeira, pesquisar sobre o assunto e assim, tentar reverter meu quadro. A segunda eu conto no final.
Ansiedade:
Distúrbio emocional, um sentimento de insegurança intensa, de perigo iminente... A ansiedade pode ser o sinal de uma patologia de origem nervosa (depressão). Ela também pode ser o sintoma de doenças orgânicas (cardiovasculares ou respiratórias). (http://www.criasaude.com.br/N2236/doencas/ansiedade/definicao-de-ansiedade.html)
1. Estado de perturbação psicológica causado pela percepção de um perigo ou pela iminência de um acontecimento desagradável ou que se receia; opressão; angústia; 2. desejo veemente; 3. incerteza aflitiva; 4. impaciência (Do latim anxietāte-, «disposição para a inquietação»). (http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/ansiedade)
E assim seguem mais ou menos as demais definções que encontrei.
De acordo com a Revista Superinteressante (http://super.abril.com.br/saude/ansiedade-447836.shtml), existem mais de 300 mil livros e 100 mil artigos médicos sobre o assunto, e o número aumenta todos os dias. (...) O primeiro que falou em ansiedade da maneira como a conhecemos foi Sigmund Freud, no fim do século 19, e, ainda assim, com uma definição bem pouco precisa: ansiedade é o medo de “algo incerto, sem objeto”. O significado mais aceito hoje em dia vem do psiquiatra australiano Aubrey Lewis que, em 1967, descreveu o termo como “um estado emocional com a qualidade do medo, desagradável, dirigido para o futuro, desproporcional e com desconforto subjetivo”.
Mulheres sofrem mais de ansiedade, e o motivo é hormonal: A mulher não produz hormônios regularmente como o homem. No período prémenstrual o cérebro dela fica privado de duas substâncias calmantes e antidepressivas, que são o estrógeno e a progesterona. Essa produção inconstante causa a TPM e a deixa mais vulnerável aos transtornos ansiosos.
A palavra ansiedade tem uma genealogia milenar. Veio primeiro do alemão: Angst; depois do grego antigo; e do latim: angor. E angor, por sua vez, procedeu da palavra egípcia ankh. No Egito antigo, esse era o nome dado ao símbolo do sopro da vida, que tinha origem na primeira tomada de ar de um bebê na hora do nascimento. Ou seja, já na raiz mais remota, a ansiedade estava relacionada à respiração – ou à falta dela.
Falta de respiração, prisão. Quando penso no assunto, logo associo ansiedade ao oposto de liberdade. E liberdade é tudo o que me faz ser o que sou. Na falta dela, quem sou eu? E aí começam as minhocas na minha cabeça a dialogarem como se fossem galinhas a cacarejar.

Tenho que saber!(Mas por quê? Pra que?)
O que vai acontecer? (isso importa?)
O que estão falando? (Como se eu mudasse alguma atitude minha por causa disso...)
O que estão fazendo? (Piorou, afinal eu tenho o que fazer.)

E segue a opressão nos pulsos, a vontade de dormir, de desplugar a cabeça.
A pergunta que não quer calar… Qualquer uma das coisas acima resolve alguma outra coisa???
Advinha a resposta: Não.
Então, sabendo que a ansiedade está ligada ao futuro, e a uma possível baixa de hormônios (o que pelas minhas contas, não procede), começo a pensar de onde eu tirei esses sentimentos tão avessos ao meu bem estar:
Tudo começou mais ou menos na hora do almoço. Estava eu ao computador quando vi uma foto. Perguntei à minha mãe, que tinha vindo almoçar em casa, o que achava da foto. Ela disse: “que bonita!”. Mas eu queria que ela não gostasse, enfim, que disse é mais ou menos, ok, legal... Veja bem, estou falando de uma foto; não se trata de fato, acontecimento, palavras... apenas uma imagem.
Bem, se minha mãe gostou, todo o mundo vai amar. E vão discordar de mim, e eu vou ficar no meu canto, e nunca mais ninguém vai falar comigo, e tudo se acaba... (ainda não tenho certeza se não é culpa dos meus hormônios mesmo...).
Carambolas, mas do que é que eu estou falando? Simplesmente de uma foto, e isso me deixa assim tããããããããoooo mal???
Paro. Vou a mais a fundo. Começo a perceber, que na verdade, há algumas coisas que ainda não foram resolvidas. Provavelmente, isso de alguma maneira me incomoda, e a foto foi apenas a gota d’água que detonou o processo de ansiedade.
Saio de casa, vou trabalhar para esfriar a cabeça, consigo um pouco, mas lá está a dona ansiedade, querendo dar as caras, iniciando uma pequenina dor de cabeça... tomo um café, bebo mais água, e lá está ela, recusando-se a ir embora.
Volto, solto o cabelo (afinal pode ser que o mal estar tenha origem naquele rabo de cavalo tão jovial que usei a tarde toda). Saio para jantar. Escolho uma carne que há muito tenho vontade de comer. Enquanto espero meu pedido chegar, sinto uma náusea – não posso comer! Respiro fundo, afinal se ansiedade é falta de respiração, vamos dar uma força.
Passado o jantar, caminho um pouco, vejo a movimentação alheia… E de repente parece que o aperto está se dissolvendo. De alguma forma, a pressão parece se esvair de mim. Ufa, já nem penso no assunto.
Chego em casa, ligo o computador, revejo a foto, e sorrio: de fato minha mãe tinha razão, é bonita mesmo. Mas agora isso não me afeta mais. É como se o medo tivesse se transformado, e agora houvesse apenas uma curiosidade leve, ou talvez aceitação – mais que isso, simpatia mesmo. Fico livre.
Respiro normalmente, a cabeça está bem, os pulsos já não sofrem mais. Lembro que sempre há alegria, mudança e esperança. Sorrio. Foi apenas uma crise.

*****
Eu disse que havia uma segunda coisa. O fato é que como fui jantar no shopping perto da minha casa, acabei fazendo umas comprinhas. Não sei se foi isso, mas de fato fiquei aliviada, e agora ansiosa para estrear as novas peças do meu guarda-roupa.

*****
Semana passada o Madame (ex-Satã) reabriu e eu me sinto adolescente de novo… E já viu adolescente sem crise? Pelo menos dancei como há anos não fazia. Obrigada São Paulo!