quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Frodo, Sam, e a arte de enxergar

Domingo acabei revendo o filme O senhor dos anéis: a sociedade do anel
Não costumo rever filmes. Ainda mais um tão longo como esse. Mas me surpreendi novamente. Sim, eu li toda a série, e acho que tudo que o Tolkien escreveu. Sei que não dá para ser tão fiel aos livros, e entendo a ideia de que cinema é outra linguagem. E caramba! O filme é maravilhoso! De novo!
Havia uma parte da história que estava esquecida... Frodo, após várias tentações, e apesar da sociedade do anel estar formada decide seguir sua missão sozinho. Acredita que assim não verá seus amigos se perderem na tentação de obter o anel. E vai.
Sam, seu fiel amigo, percebe em seguir as intensões de Frodo. E mesmo sabendo de sua decisão, resolve segui-lo, pois além do juramento feito a Gandalf de proteger o amigo, ele realmente sente amizade por Frodo.
Quando Frodo percebe que está acompanhado, reclama, pede que Sam o deixe seguir seu destino. Mas Sam insiste. E passado algum tempo, Frodo diz: “Obrigado por ser meu amigo”. Simples, ele não queria prejudicar ninguém, por isso preferiu ir sozinho, mas soube na hora que a proteção e apoio do amigo eram mais que necessárias – eram vitais, e ele fica grato por Sam ter “desobedecido” seu desejo.
É isso.
Vivemos hoje num mundo onde todos são individualistas e imediatistas. Querem tudo, querem agora, e depois não querem mais.
No meio disso tudo, construímos algumas relações de afetividade. Fazemos amigos. Só que estamos perdendo a capacidade de enxergar os outros. Estamos perdendo a chance de estar ligados a pessoas que compartilham nossos valores, mais do que afinidades.
E mais, perdemos a chance de proteger aquilo que nos é mais precioso, que é quem amamos. Afinal, todo mundo consegue se virar hoje em dia, não é? Não.
Toda vez que eu parto, toda vez que eu decido seguir um caminho que muitas vezes é árduo, mas que acredito que beneficiará aqueles que amo sem prejudicar os demais, vou sozinha. Olho para trás. Espero o Sam aparecer.
Estou aqui esperando.
*****
Acho que o pior disso tudo é escutar das pessoas como eu sou legal e como sou querida.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Sendo chatos


I came across a cache of old photos
And invitations to teenage parties
"Dress in white" one said, with quotations
From someone's wife, a famous writer
In the nineteen-twenties
When you're young you find inspiration
In anyone who's ever gone
And opened up a closing door
She said: "We were never feeling bored"

'Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought make amends
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end

When I went I left from the station
With a haversack and some trepidation
Someone said: "If you're not careful
You'll have nothing left and nothing to care for
In the nineteen-seventies"
But I sat back and looking forward
My shoes were high and I had scored
I'd bolted through a closing door
I would never find myself feeling bored

'Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought make amends
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end
We were always hoping that, looking back
You could always rely on a friend

Now I sit with different faces
In rented rooms and foreign places
All the people I was kissing
Some are here and some are missing
In the nineteen-nineties
I never dreamt that I would get to be
The creature that I always meant to be
But I thought in spite of dreams
You'd be sitting somewhere here with me

*****
Por que há tempos não me sinto tão decepcionada

E chata.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Pessoas educadas, maçãs podres e hipocrisia


Para variar, estou cansada das pessoas educadas. Elas são boas e têm um bom discurso pela bondade e por valores. E aí surge aquela maçã podre no meio do saco. Ó, o que fazer?
A resposta é simples: livre-se dessa maçã podre. Queime, jogue fora, desintegre. Mas não permite que ela estrague as outras maçãs, sobretudo as mais doces e tenras.
Mas pelo visto é difícil. Vamos todos apodrecer juntos, é melhor. Discordo.
Aí, para não desagradar não sei a quem, todos aceitam a maçã podre, convidam-na, fazendo questão de sua presença. E as reuniões acontecem. E nelas as maçãs sadias, trocam olhares e cochichos discretos sobre o fato daquela infeliz maçã estar presente.
E aí tem eu. Eu não consigo. Não gosto, não me sinto nenhum pouco obrigada a conviver. Comento isso com quem sito afeto. E sempre escuto “Ah, deixa isso para lá” ou “A gente sabe que essa pessoa é complicada, coitada” ainda “Eu tive que chamar” ou “Eu tinha combinado antes de saber que ela era assim” e “É que eu tô afim da amiga dela”. E tem casos piores daqueles que querem que você e a tal podre virem “best friends forever”.
Como diz a devassa Sandy, cada um é cada um. Ok, somos livres para fazer nossas escolhas, e todos querem conviver com a podridão, go ahead. Mas eu também sou livre. Em primeiro lugar, escolho não viver com a podridão. Em segundo lugar, e às vezes com um pouco de dor no coração (intimamente ligada à decepção), escolho não conviver com pessoas, que tudo bem, não são maçãs podres, mas que curtem apodrecer pouco a pouco ao lado delas.
O fato é que meu círculo de amizades tem diminuído drasticamente nos últimos anos. Mas é fato também que me sinto cada vez mais livre.
Eu não espero coerência nem educação das pessoas – mas não conto com hipocrisia e ignorância. Sei que as pessoas erram, acertam, riem, chora, mudam de ideia. Normal.  Então, vamos definir a maçã podre: pessoa que põe os outros para baixo; pessoas parasitas; pessoas intrigueiras, que não suportam a felicidade dos próprios amigos; pessoas incompetentes.
Serei eu intolerante? Desconfiada? Mal educada? Pode ser, mas livre, sem rabo preso com ninguém.
E meus amigos, pessoas que eu chamo ou cujos convites eu aceito, podem ter certeza de que é porque acredito que não são podres. Tenho uns horários complicados, então não sou tão presente na vida daqueles que eu amo e admiro como gostaria. Mas não invento desculpas; aos que eu amo, explico porque não não dá. Aos podres, simplesmente recuso.

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Já tentei dar outras chances algumas maçãs podres que apareceram pelo caminho. Não valeu a pena.