sábado, 16 de fevereiro de 2013

Como aproveitar a vida


Aí eu escuto: “Puxa, você sabe aproveitar a vida né? Quero ser como você”. Bacana. Às vezes até me sinto a tal com essa conversa. Mas o que temos de fato nisso tudo? Temos o Sim e o temos o Não.
Como gosto de organizar informação, vício de bibliotecária, vou colocar os pontos em ordem alfabética:
  • O Não.

O uso do não deveria estar condicionado ao fato de você não querer fazer alguma coisa. Então, eu te chamo para ir a um espetáculo, e você não quer ir, a resposta mais adequada é o Não.
No entanto, o uso do Não me parece desvirtuado.  Na verdade você quer ir. Mas junto com esse querer, você pensa na conta para pagar, você pensa que pode pegar transito no caminho, que tem que dormir, que tem acordar, que não levou a maquiagem na bolsa... sei lá – arruma um motivo para mesmo querendo ir, você, adulto, responsável e vacinado superar sua criança interior que quer dominar o mundo e recusar.
Há quem diga “eu queria tanto ir, mas hoje não posso”. Não posso??? Ah, pode sim, mas provavelmente remanejar o futuro vai dar um trabalhinho. Sobre o “não posso” já discutimos um pouco naquele outro posto “isto non ecxiste” ou qualquer coisa que o valha, aqui neste mesmo blog.
  • O Sim.

Simples e claro, o Sim é libertador. O Sim é aquela palavrinha que você usa para dizer na vida quem é mesmo que manda. E quando você diz Sim, você se responsabiliza por tudo, sabe que dormirá menos, que via gastar, que vai até trocar naquele momento, a companhia de uns por outros. Mais que isso, o Sim permite sorrir, dá aquele gostinho de “oh, estou fazendo uma loucura”, mas que a recompensa vem.


Quem me chama, sabe muito bem o que costuma ouvir: Sim. Pronto, voltemos ao começo deste texto. Aí eu escuto: “Puxa, você sabe aproveitar a vida né? Quero ser como você”.
Sim, eu aproveito a vida. Sim, eu aceito convites. Sim, eu vou a shows. Sim, eu ando de bicicleta. Sim, eu viajo sozinha. Sim, vou de ônibus ser for necessário. Sim, sim, sim, sim, sim e sim!
Quer ser como eu: diga sim!


******

Como não lembrar do Barack Obama:
Yes, you can


******

Convidei 19 pessoas diferentes para ir comigo ver o espetáculo do André Abujamra. De graça, eu havia ganhado os ingressos. Eu iria de todo modo, achei que seria uma pena desperdiçar o segundo ingresso (e realmente teria sido, pois foi INCRÍVEL). Antes de bater o gongo, ouvi um Sim.


*****

Aliás, super recomendo:                                            
Família Lovborgs – os russos transcomunicadores        


*****

Essa imagem do Snoopy é tão Sim para a vida!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Não achei o bréque


Não entendo essa coisa de ser morno, de ser mais ou menos, de frear.
Eu não sei ir com calma, ir pela metade. Eu só sei ir e quando vou, vou inteira mesmo.
E se tiver que voltar, volto inteira, mesmo que seja aos pedaços.
Por conta disso, cansei de perceber que às vezes apenas eu pareço não ter freios. Talvez eu fosse mais feliz, se fosse diferente, sei lá. Mas como não sou, continuo indagando...
E essa questão vem porque muitas pessoas que conheço têm essa coisa de ir com tudo, fazem isso uma vez, mas depois parecem que desistem, que se arrependem, e aí resolvem parar, pensar, planejar, rever os planos, desfazer, fazer de novo, replanejar... e uma década se passou.
Isso é chato! Onde é o país dos acelerados? É lá que eu quero morar!
Lady Blue, a inconformada. Sempre!

*****
You say: ‘go slow’
I fall behind, The drum beats out of time
(Time after time).

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Agatha e eu


Hoje uma etapa da minha foi encerrada. Terminei de ler a obra de Agatha Christie.
Eu sabia que ia ficar um vazio. Mas achei que ia ser só um pouquinho.
Agatha Christie, eu a acompanho desde julho de 1992. Fui apresentada à senhora naquelas férias que passei na praia, na casa da minha madrinha.
Na bagagem de volta, além do frio gostoso que passei na praia, no sabor do papaia com creme de leite, e a aquele CD do U2, vieram alguns livros. Presentes da minha tia avó que também morava lá e quis dos livros se desfazer. Treze problemas, Os elefantes não esquecem, Os trabalhos de Hércules, entre outros.
A senhora passou a dominar minhas tarde e noites. Fui devorando seus livros.
Aos poucos, amigos e parentes souberam da minha singela obsessão. Minha tia chegou lá pelos idos de 1993, a me emprestar sua coleção: O cavalo amarelo, O detetive Parker Pyne, etc. Mas não era suficiente: eu queria ter os livros.
Logo, fiquei sócia do Clube do Livro, bem no ano em que lançaram uma série de seus livros. E aos 16 anos, meu parco salário meio salário mínimo passou a ser gasto em livrarias e sebos no entorno da Avenida Paulista, sempre em busca de um item inédito da minha coleção. Decidi que iria ler e ter toda a obra da Dama do Crime. Pouco a pouco, minha biblioteca foi crescendo. E se eu começasse a ler um desses livros pela manhã, de noite ou no máximo no dia seguinte, a leitura estava concluída.
Mas minha senhora, foram mais de 80 livros, e alguns não tão famosos ou fáceis de encontrar. Mas nunca desisti de meu intento.
Em disciplina durante minha graduação, pude apresentar um trabalho sobre sua história e produção: me valeu nota máxima em Ação Cultural.
Finalmente, por volta de 2010, percebi que tinha em meu poder metade da sua produção. E qual não foi minha satisfação quando meus pais também se tornaram seus fãs e passaram a me pedir novidades – apenas mais um impulso para cumprir meu objetivo, o sinal que eu precisei para, com mais condições de compra, retomar minha caçada. Agora os livros vinha em pacotes de seis, oito dez.
No meio disso, em 2012, passei uma semana em Londres: e pude conhecer a casa onde Agatha viveu e assistir a peça The Mousetrap (a ratoeira). Só de entrar no teatro para comprar o ingresso eu já me emocionei – no final do espetáculo eu estava delirante de alegria.
Em dezembro desse mesmo ano comprei o que faltava. E ontem li o último que faltava ler desse meu acervo. Completei minha tarefa.
E agora ficaram duas coisas: 1) o vazio – nada mais virá: Agatha Christie morreu com um legado de apenas cerca de oitenta obras. 2) O orgulho, cheio de apego, de ter tudo aqui comigo, na minha frente, e sobretudo, na minha mente.
Obrigada, Dame Agatha Christie, por tantos momentos de alegria.

*****

Na realidade faltam dois livros. No entanto, suas histórias foram desmembradas em outros livros de contos, que eu adquiri. E por enquanto, não há previsão de reedição em português. Ou seja, ainda há esperança de momento felizes no futuro.

*****

Saiba mais sobre essa incrível escritora aqui:

*****

O mais engraçado é pensar que provavelmente, eu não me daria bem com a senhora... Eu sou aquariana, ascendente em áries, enquanto você é virginiana, fora o seu gosto por mexericos e pela vida alheia ;)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Oração celta do amor



Um dos textos celtas que eu mais amo (melhor que isso só 'Metade' do Ferreira Gullar)! E como sempre, dedicado a todos os meus amigos :)

Happy Lammas!



Oração Celta do Amor

Que jamais, em tempo algum,o teu coração acalente ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.

Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.

Que a musica seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.

Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.
Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.
Que em cada amigo o teu coração faça festa, que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.

Que em teus momentos de solidão e cansaço, esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser eterno.

Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!

Que os teus pensamentos e os teus amores, o teu viver e a tua passagem pela vida, sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome. Aquele amor que não se explica, só se sente. 
Que esse amor seja o teu acalento secreto, viajando eternamente no centro do teu ser.

Que a estrada se abra à sua frente.
Que o vento sopre levemente às suas costas.

Que o sol brilhe morno e suave em sua face.
Que respondas ao chamado do teu Dom e encontre a coragem para seguir-lhe o caminho.

Que a chama da raiva te liberte da falsidade.
Que o ardor do coração mantenha a tua presença flamejante e que a ansiedade jamais te ronde.

Que a tua dignidade exterior reflita uma dignidade interior da alma.
Que tenhas vagar para celebrar os milagres silenciosos que não buscam atenção.

Que sejas consolado na simetria secreta da tua alma.
Que sintas cada dia como uma dádiva sagrada tecida em torno do cerne do assombro.

Que a chuva caía de mansinho em seus campos...
E, até que nos encontremos de novo...
Que os Deuses lhe guardem na palma de Suas mãos.

Que despertes para o mistério de estar aqui e compreendas a silenciosa imensidão da tua presença.
Que tenhas alegria e paz no templo dos teus sentidos.

Que recebas grande encorajamento quando novas fronteiras acenam.
Que este amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em celebração, e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora.

Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!

Eu espero a noite

Queria entender esse poder que a escuridão exerce sobre mim. Eu gosto dos dias, mas noite, alta noite, me faz querer fazer mais e mais coisas, deixa minha cabeça fervilhando.
Eu lembro a alegria que senti quando adentrei, na adolescência, um grupo de góticos. A promessa de que somente de noite eu estaria viva, que tudo seria feito na escuridão, que os dias não me veriam... Que besteira, eu estudava de manhã numa escola de freiras e tinha que ir dormir antes da meia-noite.
Ou melhor, tentar dormir. Eu quase não dormia. Passava a madrugada com os fones de ouvido, e afogando minha cara no travesseiro para encobrir minhas crises de riso.
Risos, isso mesmo. Que bela gótica eu era: estudava de manhã e tinha crises de riso.
De todo modo, foi naquela época que percebi que era um ser da noite. E que a noite me fazia feliz.
Mas aí apareceu aquela mancha na minha pele, na barriga. Nos dias seguintes, outras manchinhas ao redor da mancha-mor. Mais uns dias e minha mãe me conduzia ao médico. Eu já com uns 18, há uns três evitando o sol. E ouvi o doutor dizer:
- Eu podia receitar uma pomada, mas a verdade é que você está embolorando. Tome um sol que passa.
Comprei a pomada.

*****
One Caress

Well I´m down on my knees again
And I pray to the only one
Who has the strength to bear the pain
To forgive all the things that I´ve done

Oh girl, lead me into your darkness
When this world is trying it´s hardest
To leave me unimpressed
Just one caress from you and I´m blessed

When you´ve think tried
every road every avenue
Take one more look at what you found old
And in it you´ll find something new

Oh girl, lead me into your darkness
When this world is trying it's hardest
To leave me unimpressed
Just one caress from you and I´m blessed

I'm shying from the light
I always loved the night
And now you offer me eternal darkness

I have to belive that sin
Can make a better man
It's the mood that I am in
That's left us were we began

Oh girl, lead me into your darkness
When this world is trying it's hardest
To leave me unimpressed
Just one caress from you and I'm blessed
(Depeche Mode )

*****

Aliás boa época essa em que eu mal precisava dormir.
Uns 15 anos mais tarde, dormir muito, bem e na minha cama é imperativo para o meu viver.