quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Brinde ao novo



Lembrar-se do passado.
Resgatar o passado.
Buscar pessoas que já passaram pela sua vida.
Voltar aos lugares onde já viveu.
Incompreensível. O mundo é tão grande!
Há tantos lugares.
Há tantas pessoas.
Por que sempre as mesmas, por que sempre os mesmos?
Isso, definitivamente, não é para mim.
Na minha vida, as coisas que ficam são presentes.
Se passaram, abriram lugar para o novo.
E o novo veio. Ele sempre vem.
As tentativas acontecem.
Por um tempo você tenta. Por mais tempo, os outros tentam.
Mas não dá, aquele espaço já era.
Fica a saudade, às vezes, mas nunca a falta.
As lembranças se bastam. As lembranças me bastam.
Pois a volta ao passado pode mostrar que nada mudou. Mas eu mudei.
E a volta ao passado também revela lados obscuros.
Não os quero. Já tenho minhas obscuridades.
O mundo é grande!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Universitários pós-modernos


Quem dá aulas, acredito, quer sempre ver o melhor de seus alunos.
Quer vê-los entender o que você está passando. Quer vê-lo utilizar esse conhecimento na sua vida, no seu trabalho, com sucesso. 
Sempre acreditei na parceria, no bate-papo, na troca mesmo, entre alunos e professores. E sempre acreditei nisso com tranquilidade, porque sou professora universitária. Talvez, se meu público fosse escolar, eu sentisse necessidade de uma maior imposição. Talvez.
Por outro lado, entendo que as disciplinas pelas quais sou responsável, integram um conjunto maior. Então eu contribuo com uma parte de cursos de graduação e pós-graduação. E ser uma parte de um conjunto maior significa que haverá, entre seus alunos aqueles com afinidade com a minha matéria, e outros não. E que o fato de parte deles não ser bem sucedida na minha disciplina não invalida, em nenhum momento, sua competência em outras matérias do mesmo curso.
De todo modo, há um investimento por parte dos alunos. De dinheiro, de tempo, de fôlego. Acredito que estão lá para saírem mais complementados.
Então não consigo acreditar quando, em graduação e pós-graduação, encaro situações como:
  • Não testar um software apresentado. Somos graduação e/ou pós-graduação. Mamãe/Papai não te obrigam mais a estar aqui, portanto aproveite sua liberdade de estudo e estude.
  • Vir com desculpas, do tipo:
    • Minha formação é outra. Mas você está aqui para aprender, correto?
    • Não leio inglês/espanhol. Graduação/Pós-graduação, certo? Uma dessas línguas você tem noção, os textos são técnicos, há google tradutor, tradukka e boa vontade. Peçam ajuda, mas não deixem de tentar.
    • Não fiz porque não consigo baixar o arquivo. Graduação/Pós-graduação, certo? Peça os arquivos por outro modo, mas não me enrole.
  • Não aceitar que comete erros, mesmo sendo as aulas o melhor local para isso acontecer (ou você prefere errar com seu chefe ou seu cliente?). Deixa a profa ajudar, ela está aqui para isso.
  • Passar uma aula com questões, mas fazê-las após o término da aula ou por e-mail somente. Isso priva o grupo do debate, e vale a máxima: “A sua dúvida pode ser a mesma dos outros”.
  • Não conseguir montar grupos com os colegas. Quer que a tia pegue na mãozinha e junte?
  • Reclamar de um membro do grupo para a professora. Queridos, eu recebo trabalhos, não faço terapia. Vou dar a nota para os membros constantes do trabalho entregue. Se alguém não trabalhou, não coloquem o nome do sujeito no trabalho. Resolvam!
  • Achei que a data e a forma de entrega eram outros. Não sei dos demais professores, mas eu, na primeira aula já entrego cronograma de datas e digo qual o formato. Entregou depois é nota menor ou zero. Sem discussão. Graduação/Pós-graduação, lembra?
  • Eu já conheço tema, não preciso fazer os exercícios. HAHAHAH. Pessoal, todos que me disseram isso e tentaram fazer os exercícios erraram coisas ou fizeram o trabalho final mal feito. Sem exceção. A prática leva à perfeição, portanto, se você já conhece o assunto, mais um motivo para treiná-lo.
Com situações como essas, eu me pergunto: será possível o debate ou terei que, ainda na faculdade agir como professora do Jardim da Infância? Será que não dá para ter maturidade?

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Amiguinhos, é evidente que nem sempre é assim. No entanto, tenho percebido um certo retrocesso no quesito maturidade, independentemente da idade, e do local onde ensino.  É culpa do Google? Do Facebook? Dos EUA? Da Dilma?
Por favor, se você está estudando, aproveite esse momento, aproveite seus colegas, aproveite seu professor. Faça valar a pena cada minuto e centavo investidos. Nós, professores, estamos aqui para isso: para responder dúvidas, para trocar ideias, para trabalhar em grupo.
Se você percebeu que não era bem o que queria, converse logo. Aulas podem ser mudadas, para melhor lhe atender, há sugestões de transferências. Não espere passar e depois sentir que não aproveitou.
E acima de tudo, eu escolhi ser professora universitária. Esforço todo dia para me aprimorar. Não me façam me sentir como a tia do jardim da infância. Não levo jeito.

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Hey kids, don't leave the teacher alone! ;)