quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mudando... de novo.


As situações se sobrepõem. Aquilo que era, e era legal mesmo, fica chato, e sem que se perceba deixa de ser qualquer coisa, se vai.
Dá para imaginar o tanto de coisas que podem acontecer em três anos? Em dois? Em um? Dá para imaginar que aqueles que você chamava de amigos você nem sabe mais onde estão, e por que cargas d’água um dia você chamou de amigos? Dá para imaginar que nesse tempo você ia mudar tanto? De casas, de amigos, de trabalhos (ah! mas o cabelo continua o mesmo ^^)?
E de repente você está inserida noutra situação. E as coisas e as pessoas giram ao seu redor numa grande ciranda... Quem são essas pessoas? E por que é tudo tão familiar?
Será que no contexto da minha individualidade até as pessoas ficaram banais?
Aos que se foram fica a pergunta: Don’t you love me anymore? Bem, a resposta, de todo modo, não interessa mais. Apenas curiosidade.
Aos que vêm: O que faz você se aproximar? De novo, apenas curiosidade, dados para preencher formulários e gerar novas estatísticas. Meu excêntrico ego nem pensa em ser diferente.
Quando eu não vejo o brilho no olho alheio, será que isso significa que meu olho também está perdendo seu próprio brilho? Ou é justamente o contrário: a intensidade de seu brilho ofusca os demais?
Enfim, as mudanças são concretas. O tempo é pouco. A diversão é certa. E continuo crendo, como já tinha consciência em 2007, de que apenas passo, e visito releituras do mesmo mundo.

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Estou lendo a Análise do Caráter, de William Reich.
Interessante o argumento de que as neuroses vem do recalque. Super concordo.
Mais interessante ainda a constatação de que as pessoas tagarelas assim o são porque têm um tensão atrás da nuca. Ééééé... quick massage para aqueles que falam pelos cotovelos.

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E como disse uma amiga: "Sempre que possível converse com um saco de cimento. Afinal, somente devemos acreditar naquilo que é concreto". Sábias palavras...

sábado, 10 de setembro de 2011

Eu preciso?


Primeira coisa: espero que não seja clichê.
Hoje eu fiz um fondue de queijo, com pessoas extremamente queridas (sim, é possível receber amigos numa kitnet). E entre as conversas foram faladas coisas que me fizeram pensar sobre as necessidades do ser humano. Aliás temos alguma necessidade? Não estou aqui me referindo a comida, água, sono ou qualquer coisa de ordem fisiológica. Refiro-me aqui a algo mais.
No que acreditamos (essa é fácil, eu só acredito na liberdade, mas voilá, vivo em sociedade)? Por que trabalhamos? Por que nos preocupamos em ter onde morar e com que roupa ir?
Há quem diga que é o dinheiro, há quem diga que é o sexo, o poder (aliás, excelente aquele som do Verve, Bitter sweet symphony - já viram a letra?) Mas, de diversas discussões que tenho, principalmente nas mesas de restaurantes (na hora do almoço) e em bares (nos demais momentos), é que estamos aí, que vivemos para o amor. E esse amor pode se traduzir de tantas e tantas formas: o “Eu te amo” dos amantes, o “Eu me preocupo, ligue quando chegar” dos pais, o “E aí, você ta  bem” dos amigos, o “Seu trabalho está sempre excelente” do chefe,  etc...
Ou seja, existe uma única necessidade, real e latente, para o ser humano: o ser amado, em alguma esfera.  No entanto existem problemas.
1)      Podemos mudar de idéia a qualquer momento (como diz minha mãe, para isso, basta estar vivo). E mudando de idéia, não somos mais amados.
2)     Há também aquele velho problema: ficamos a vontade demais... E ameaçamos, naturalmente, o lugar dos descolados que, paradoxalmente, têm ainda, em seu íntimo, posições tradicionais em demasia – aquela velha questão: “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”.  Então, de fato, nunca fomos amados, mas apenas a manifestação do desejo alheio.
3)     Simplesmente não sermos compreendidos, e termos o melhor de nós jogado fora.
4)     Há ainda (e infelizmente mais comum do que eu imaginava) a necessidade de atender a pressupostos sociais rígidos e que já perderam a graça (pelo menos para mim) de ser o estereótipo da família margarina. Esta consiste de um pai engravatado que sai cedo para trabalhar, dois filhos, uma menina e um menino, que estão praticamente prontos para pegar a condução que irá levá-los para a escola, e uma mãe, que sorri resignada diante do volume de louça que terá que lavar antes de sair para trabalhar bancando o papel da profissional perfeita, que sempre tem um sorriso para apresentar apesar do abacaxi que terá de ser descascado.
5)     Entre outras alternativas.
Só que eu descobri que essa necessidade é um poço sem fim: Não basta você ser amado pelos seus pais; é preciso ser idolatrado pela turma (do bairro, do colégio). Na basta ser o ídolo da turma, tem que ser admirado por seus professores, pais de amigos, os mais velhos do bairro. E aí negão, não basta isso: temos que ser amados pelo bairro vizinho, por outras faculdades, por supostos pares que nunca trocarem sequer um olhar conosco, o que se dirá de uma palavra.
Ou seja, temos que encontrar um PAPEL no grande teatro social que vivemos, cujo diretor se escondeu.
Só que estou perdida (ou não). Em algum lugar saí pela tangente desses ciclos, e não tenho como me reintegrar nunca mais. Aliás, nem quero.  Porém, de tudo isso, fica apenas uma coisa. Uma vontade de expressar uma coisa, que já nem sei se é somente direcionada a uma pessoa, ou ao o todo.
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E para isso, vai este link.
De todo modo, é importante ressaltar que acredito em poucas pessoas (grupo esse que ficou ainda mais reduzido desde o dia 03;/11/11). Ou tudo isso para dizer que: Aqueles que acreditávamos nos amarem fazem justamente aquilo que mais nos magoa. 
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Sim eu chorei, senti-me desprotegida. E não, não sucumbi – consequi reajeitar minha vida, e perceber o quanto eu fui abeçoada. E agradeço ao amor incondicional de alguns amigos, né Vivi!
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Mais uma coisa: não "preciso" de nada. Há apenas aquelas coisas que eu quero, pelas quais me interesso. Ok?

sábado, 13 de agosto de 2011

As regras do jogo


Além de confiar no meu taco, eu sei da falta de naipe alheia... (Sim, eu disso isso nos idos de 1999)
Há muitos anos atrás, época do colegial, eu aprendi a jogar truco. Então, eu e mais três amigos jogávamos nos intervalos e brechas do período escolar. Mudei de escola e no novo espaço não havia truco. Sem parceiros e adversários, parei de jogar. Três anos mais tarde, tive um namorado que jogava truco. Eu tentei acompanhar, mas tinha esquecido as regras. Ele explicou, explicou, explicou... Mas eu não consegui mais jogar. Anos e namorados depois, houve novas tentativas de me re-aprender o truco. Nada. Até hoje eu não jogo mais. Outros carteados, beleza, mas truco nunca mais.
Penso que na vida, tudo (ou quase tudo) tem regras. Não me entenda mal, eu não me refiro às normas sociais, principalmente essas que tolhem a maioria das pessoas, e as faz viver vidas contidas e medíocres. Refiro-me a algo maior, algo que não tem nada a ver com a moral e os bons costumes, uma coisa meio Matrix mesmo.
Tendo o mundo, o universo, a natureza regras, eu penso que nós todos, ao surgimos nesta dimensão, apreendemos as regras naturalmente, sem escolas ou professores. E aí tocamos nossa vida, naturalmente. É como falar: nascemos sem isso, e mesmo se não formos à escola, sabemos falar.
Dentre essas coisas da vida, há umas, ou mais especificamente uma, que eu não tenho conseguido acertar. Outrora eu fazia direitinho. Porém, assim como no truco, aparentemente desenvolvi um bloqueio para suas regras, e por mais que tente reaprendê-las, deparo-me repetidamente com o insucesso. E eu quero tanto, mas tanto mesmo, acertar... Não é que eu meta os pés pelas mãos – se fosse isso, numa próxima tentativa a coisa daria certo. É como seu eu estivesse num mundo a parte, sem compartilhar o mesmo código que as demais pessoas usam.
Alguém tem o manual do universo para emprestar? Serve também em arquivo eletrônico. Agradeço desde já, afinal antes do fim do jogo, quero estar situada.

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Quis custodiet ipsos custodes? ou Quem vigia os vigilantes?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Mas foi sem querer


Sem querer mesmo. E mesmo assim, há uns seis meses eu to ensaiando um pedido de desculpas.
desculpa (des-cul-pa)
s. f.Ação de desculpar ou de se desculpar.Razão ou motivo para atenuar ou eximir da culpa; justificativa.Escusa; pretexto.Indulgência, perdão.
Isso significa então que eu tenho uma culpa, e quero me livrar dela, certo? Então, não tenho muita certeza disso...
Vamos aos fatos, mas sem dar nomes aos bois.
Eu fiz uma coisa que não foi legal. Eu não me lembro de ter feito isso. Várias testemunhas afirmaram que de fato eu fiz isso. Elas são confiáveis. Enfim, posso assumir que fiz algo, ainda que não lembre (e que por não lembrar, não deve significar nada para mim). Eu estava bêbada, completamente alterada. Sem foco. E só soube no dia seguinte o que tinha acontecido.
No entanto, ao mesmo tempo em que eu não me lembro disso, eu lembro diversas outras coisas bem legais que aconteceram nessa mesma noite. E essas coisas foram tão legais que me fizeram pensar em me desculpar.
Mais que isso... Meses depois do fato eu fui questionada. Sim, MESES. Eu gostaria de entender o que leva uma pessoa a questionar um acontecimento meses depois. E a me fazer querer pedir desculpas de algo que eu achei que estivesse enterrado e sacramentado.
Fui pega de forma desprevenida, não soube me expressar bem, fiquei sem voz, e agora mais de um mês depois, ainda não consegui as tais indulgências... Sim porque logo de cara eu pensei em explicar, mostrar, mas como ninguém disse nada, achei melhor deixar quieto e larguei o ensaio... Agora, sem ritmo, tenho que retomar.
No fundo, no fundo mesmo, o que fica para mim é a seguinte dúvida: eu realmente sou culpada de alguma coisa? Se sim, eu realmente tenho que me desculpar? Não posso contar com a compreensão alheia?
AIMEODEOS!

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Desculpe, babe
Não vou brincar com você
Desculpe, babe
Não vou mais ser joão-ninguém
Eu vou correndo
Buscar a glória, minha glória
Desculpe, babe
Mas eu já me decidi
Desculpe, babe
Eu vou viver mais pra mim
Eu vou correndo
Buscar a glória, minha glória
(Mutantes, Desculpe Babe)
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Eu quero é mais é que se dane - pelo menos tenho história para contar (e rir, e até chorar)

domingo, 19 de junho de 2011

Morte


A morte é uma coisa que sempre me intrigou. Na verdade, acho que tenho medo. Não um medo histérico, mas não gosto, fico incomodada. Entendo que é natural, faz parte, mas mesmo assim, o que me impressiona mais é que tem coragem de partir deliberadamente em sua direção. Isto é, com alguém pode cometer suicídio?
Talvez seja por isso que gosto de vampiros. Eles subvertem a morte, permanecendo na vida, ainda que dela privados. Ou talvez meu problema seja apego; não às pessoas, mas sobretudo à vida. Como não gostar de viver? (e veja bem que problemas não me faltam).
Hoje terminei mais um livro da Agatha Christie, chamado 'Um destino ignorado'. Logo no início da história uma mulher tenta se matar. Mas um policial a convence a “retardar” o ato, para antes cumprir uma missão. E isso faz tudo mudar de figura. Logicamente o livro não trata sobre o tema, é sobre um mistério, muito interessante também. Mas mostra bem como a vida pode ser sempre surpreendente.
Aí eu penso: será que ninguém percebe que as coisas mudam? As coisas mudam a todos os instantes! NADA permanece o mesmo. Então, se você está desesperado hoje, isso não vai ser para sempre. Nada é.
Há uns dois meses um amigo se suicidou. Tinha família, amigos, emprego, casa. Era um sujeito normal. Tinha cultura e acesso à informação. Acreditava em deus. O que aconteceu? Creio que nunca vou entender uma coisa dessas.
Um brinde à vida!

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Estive doente estes dias... mesmo assim muita coisa aconteceu. A vida é maravilhosa!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Descobertas domésticas


Eu sempre quis viver sozinha, ter um espaço só meu. Já há alguns meses isso é uma realidade, muito, muito prazerosa e gratificante.
Faço minha bagunça, trabalho do jeito que quero, dou minhas festinhas, durmo, enfim, tudo pelas minhas próprias regras.
Nada disso surpreendeu muito as pessoas. Afinal, apesar de filha única um tanto mimadinha, eu sempre fui independente e dei conta do meu espaço. Como minha mãe diz, eu só não nasci sozinha porque isso não é possível.
E cá estou eu, curtindo integralmente a minha integridade.
Mas esta semana aconteceu uma coisa diferente. Meus pais vieram em casa, e como minha mãe tinha umas coisas a resolver por aqui, sugeri que ela dormisse por aqui.
E aconteceu uma coisa muito interessante: preparei o lanche da tarde, fiz jantar, arrumei a cozinha.  E no dia seguinte preparei o café-da-manhã para nós.
E daí, você pode se perguntar? Daí que nunca curti fazer nada doméstico – mas fiz com um prazer incomensurável. Botei a mesa, coisa que não faço para mim – costumo comer na cozinha ou no quarto – acendi a luz da sala, trouxe sobremesa.
Tudo simples, como eu se eu tivesse feito isso a minha vida toda. Sem falar que agora lavo minha roupa, limpo o banheiro, cuido das gatinhas mesmo... E continuo trabalhando, estudando, saindo...
É, uma nova Lady Blue vem por aí.

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Aliás trabalhando e saindo como nunca... E com muita leitura e música... A vida é bela mesmo!

terça-feira, 26 de abril de 2011

A arte de reclamar


Eu ia dizer que hoje conheci uma vizinha.
Podia dizer também que outro dia no ônibus vi o menino mais lindo que eu já havia visto pessoalmente – nossa, lindo mesmo.
Mas na verdade, acho que apenas quero dizer que as pessoas são bobas, mas há salvação. As pessoas gostam de fazer um drama, de reclamar, de dizer que é difícil. Parece que só dessa forma elas têm assunto.
“Estou cansado; Que dia; Que sol; Que frio; Que chuva; Que difícil; Que ruim; É a lei de murphy ...”
Posso não brincar disso? Obrigada.
Sabe, eu ainda sou do time que elogia, que se diverte, que acha graça. Aliás, tive um final de semana excelente, o trabalho e as aulas foram ótimos hoje, e fez calor e friozinho – ambos deliciosos!
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Ganhei a eleição para Representante Discente da Pós-graduação.
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No futuro quero também dizer que não faço joguinhos... Não gosto disso em geral, mas sempre me pego como participante ativa do processo. Esse ainda é um passo na evolução pessoal – Wish me luck!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Vampiros e Intolerância


Sabe do que eu gosto? Vampiros. Sim, adoro vampiros.
De verdade? Bem, eu nunca vi um de verdade, acho. Mas adoro livros, filmes e músicas cujos temas são os bebedores de sangue.
Eles vivem de noite, sofrem um tiquinho porque não podem ver o sol, não comem, não bebem, e são lindos. Sim, porque assim como os elfos eu penso que para ser vampiro tem que ser bonito. Tem que ter aquele je ne sai quoi que o torna sedutor e sensual. E nem me venha com essas de nosfetatus horrorosos e vampiros que saem de dia. Esses para mim são pura ficção!
Mas o fato de adorá-los não me torna uma profunda entendedora do assunto. Aliás, deixo isso para os outros, acho até um pouco chato ficar discutindo detalhes do que é ou não é, ou deveria ser. Disso vem a outra coisa: sou intolerante.
Sim, a tolerância não é meu forte mesmo. Não, não saio brigando nem xingando ninguém – finjo que determinadas coisas pertencem a outro universo que não é o meu. No meu mundo, há coisas toleráveis e vampiros. Só.
Descreva coisas toleráveis: pessoas de mente aberta, lugares escuros, aprendizado, busca de verdade e de melhoria, preguiça de manhã, desapego, choques, etc.
Fácil né? O meu mundo realmente é perfeito!

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Outra coisa: sou excêntrica e individualista. Trago o tema só para falar de mim...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O cubo e o autoconhecimento


Ganhei de uma amiga querida um livro que se chama The Cube: keep the secret.
De acordo com sua introdução, O cubo
“é um jogo de imaginação – e mais. No verão de 1991, jogá-lo foi repentinamente uma febre nas cafeterias da Europa Oriental. De onde ele surgiu? Ninguém sabe. Alguns pensam que O Cubo pode ser um antigo enigma de ensinamento Sufi. Perdido durante séculos, ele reapareceu em épocas e lugares quando a alma mais precisa de autoconhecimento. Agora ele está aqui”.
Bem, é simples jogá-lo. O livro vai pedindo para que você imagine uma cena e itens nessa cena.
No final, há uma interpretação do que sua cena e cada detalhe nela presente significam. Gostei do resultado... Alguma coisa me incomodou. Mas de modo geral fiquei impressionada como várias coisas que estavam na minha cabeça possuem explicação no livro.
Resumidamente, sou uma pessoa prática, que gosta de aparecer, que se recolhe sob pressão, altamente individualista, que procura excelência em tudo o que faz e que busca prazer acima de tudo em suas relações. Não se preocupa com possíveis problemas antes da hora e acredita que os frutos de suas ações virão e serão abençoados.
Bacana né...
Então, fica a dica. Jogue O Cubo.

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Desenhe e anote... É interessante para futuras análises.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Por você


Eu faria muita coisa por você. Aliás, algumas delas eu já fiz. Já comprei roupas novas, troquei de anéis, caprichei na maquiagem. Voltei a usar o Internet Explorer (ainda que de vez em quando eu use o Chrome), não dormi. Saí sozinha, procurei tomar mais cuidados com as fotos (tudo bem, nem sempre eu consegui). Revi alguns conceitos, confirmei outros. E ainda há muito por fazer. Por exemplo, eu poderia fazer uma seleção de livros personalizada, uma salada caprichada. Uma viagem surpresa, uma festa de homenagem (adoro festa). Quem sabe até organizar a fuga relâmpago, e depois a lista de desculpas aos outros na hora de voltar.
Por você, eu faria muita coisa. E por mim, o que eu faria?
Eu faria muitas coisas por mim. Aliás, algumas delas eu já fiz. Já comprei roupas novas, troquei de anéis, caprichei na maquiagem. Voltei a usar o Internet Explorer (ainda que de vez em quando eu use o Chrome), não dormi. Saí sozinha, procurei tomar mais cuidados com as fotos (tudo bem, nem sempre eu consegui). Revi alguns conceitos, confirmei outros. E ainda há muito por fazer. Por exemplo, eu poderia fazer uma seleção de livros personalizada, uma salada caprichada. Uma viagem surpresa, uma festa de homenagem (adoro festa). Quem sabe até organizar a fuga relâmpago, e depois a lista de desculpas aos outros na hora de voltar.
E olha que você não sou eu. Mas mesmo assim eu faria.

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Mas no fundo, no fundo, estou com preguiça de fazer qualquer coisa. Porém, continuo imaginando. Tanto por você, como por mim.

terça-feira, 22 de março de 2011

Outono


Chegou o outono. Eita coisa boa. E com ele mudanças. De casa, de ares, novos amigos, e reencontros. E como se diz nas cerimônias que comemoram o equinócio de outono, é tempo de arrumar a casa, a vida. Bem, apartamento, me aguarde que essas caixas vão sumir. Alunos, já comecei a correção dos trabalhos. Orientadora, estou cursando as disciplinas. Tese... que o texto flua ainda antes do inverno!
E viva o Mabon!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A modernidade e a meiguice


Ser uma mulher moderna é muito bom! Vai-se onde quer, com quer (ou sozinha mesmo), enfim tem-se uma liberdade deliciosa. Mas às vezes, e somente às vezes, surge uma necessidade, ou uma vontade, de ser meiga. Na verdade isso tem um fundo, que normalmente está associado a TPM e a alguns outros fatores. O fato é que se passe tanto tempo sendo livre, decidindo-se tudo sozinha, que meio que se perde o jeito para a coisa.
Existem algumas soluções: pode-se tentar ser meiga do jeito que for. Observações nesse sentido mostraram resultados um tanto duros, quase que militares – há uma falta de timing total, as coisas são ditas ou feitas mais rápido que deveriam, enfim, o desastre é quase certo. É como um furacão querendo apagar uma única vela de aniversário.
Outra possibilidade consiste em consultar pessoas meigas e fazer o que elas sugerirem. Novamente, o resultado das observações práticas foi abaixo do desejado. Fica um clima de falta de autenticidade, onde a mulher moderna está nitidamente cumprindo um papel forçado, para não dizer logo que isso é o exercício do fingimento. E para a hipocrisia, um pulo.
Há ainda a fé. Pode-se acreditar que os outros vão perceber o lado meigo da mulher moderna, mesmo sob a capa da praticidade, da pró-atividade e do jeito decidido dela. Custe o que custar.
No fundo eu não acredito em nenhuma dessas alternativas. Eu penso que essa necessidade vai ser preenchida por pessoas e situações que tenham realmente a ver com a mulher moderna. É como encontrar o homem moderno no mundo moderno. Existe o respeito, evitam-se estereótipos, e percebe-se que apesar de toda praticidade, as ações vem mais do coração do que de uma planilha organizada.
Nesse mundo existe de fato uma igualdade, não vulgaridade. E existe respeito e admiração. Neste mundo moderno, há a possibilidade de diálogos claros e de cumplicidade. Pula-se o jogo, ou pelo menos a partida é única e curta. E a meiguice surge naturalmente, focada em naquilo ou em quem realmente interessa.
Quando eu crescer eu quero ser assim!

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Não confunda meiguice com feminilidade. Afinal homens, animais, pinturas, músicas, etc., podem ser meigos também. Ao falar de mulher moderna, considero que a feminilidade faz parte dela sim.

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Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar
Onde a gente e a natureza feliz, vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que o leão
(Tigresa, Caetano Veloso)

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Filme (Título Original): Party Girl
Título no Brasil: Baladas em NY
País de Origem: EUA
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 94 minutos
Ano de Lançamento: 1995
Estúdio/Distrib.: Casablanca Filmes
Direção: Daisy Von Scherler Mayer

Só para mostrar que o descolado e tradicional podem sim ser combinados.

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Aliás, o Dia Internacional das Mulheres vai cair na terça-feira de carnaval...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Quanto tempo leva?


Conversando com uma amiga esta semana, surgiu um papo interessante sobre a contemporaneidade. Ela me disse que tem feito várias analogias para tentar entender o comportamento humano atual, sobretudo no que diz respeito aos relacionamentos. E uma dessas analogias foi a seguinte, que quero trazer e comentar:
Com o advento da internet, as pessoas tendem a ver as coisas de forma mais rápida e menos profunda. Alguns exemplos: se antes você escrevia uma carta ou fazia uma ligação, hoje você manda um recado por email ou por sms. Se antes você lia um livro, hoje você lê uma página (e olhe lá) – afinal antes a gente lia no papel, e hoje é na tela, mais cansativo aos olhos. Da mesma forma, antes você se dedicava a conhecer uma pessoa, a descobrir suas afinidades, e ao longo do tempo, decidia se iria ficar junto com ela ou acabar tudo de vez. Para minha amiga, hoje, o que ocorre, é que se faz uma leitura superficial das pessoas, e nem se dá ao trabalho de saber algo mais. Afinal, não dá tempo, temos que passar para a próxima página, ou melhor, para a próxima pessoa.
Existe uma urgência: não dá tempo de marcar para amanhã, tem que ser hoje. Tudo bem, eu adoro o Carpe Diem, mas também admiro a contemplação. E há coisas que tendem a ser para vida, merecem um pouquinho mais de dedicação e consideração.
Mas quem sabe isso é apenas mais um ciclo: assim como o fast food e mais recentemente o slow food, sei lá. O pior é que já me peguei nessa pegada frenética do mundo pós-moderno. Mas foi só para saber com é que é. Prefiro o old fashion way of life. Apesar do jeito rock’n roll meio non sense (*).
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A conversa foi com a Gá . E lógico, deu-se numa mesa de bar, com a cerveja gelada na nossa frente, numa noite de calor em demasia. Pura filosofia de boteco.

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* Corações Psicodélicos, Lobão. Adooooro!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A insustentável leveza do ser *


Eu tenho pensado, ultimamente, que uma das coisas mais difíceis num relacionamento é não confundir o que se quer com o que outro tem a oferecer, ou melhor, quer oferecer. Quando a gente faz isso, cria as famosas expectativas. No Aurélio, temos: expectativa. [Do lat. expectatu, ‘esperado’, + -iva.] S. f. Esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas.
Achamos que outro tem que fazer determinadas coisas, pois supostamente (para nós, não para o outro) a situação chegou a um momento que requer algum tipo de tomada de decisão.
Quanta bobagem! E isso pesa. Claro, atire a primeira pedra quem nunca teve um surto de expectativas. Mas vamos nos colocar no lugar do outro. E mais, voltemos ao nosso lugar e vejamos até que ponto nós estamos administrando as coisas para alcançar o que desejamos. Nós supomos certas coisas, mas é possível ver o que existe de real e não se iludir.
Outro dia tive uma conversa bizarra com um cara. Nós tínhamos acabado de nos conhecer, e vai saber, podia até ser que algo surgisse desse encontro. Aí eu fiz a perguntinha básica: “E o que você gosta de fazer?”. Eis que o donzelo me responde: “Qualquer coisa acompanhado”.
O quê??? Como assim qualquer coisa? Eu sou meio doida, então insisti: “Mas o que exatamente? Balada, restaurante, viajar, show? Ele se manteve firme: “Qualquer coisa acompanhado”. Eu estava inconformada: “Mas que tipo de música você gosta?”. Ele: “Qualquer uma, desde que ouça acompanhado”.
Eu não agüentei, e comecei a rir... E depois expliquei que achava as respostas estranhas porque sempre gostamos de alguma coisa, de um estilo musical, um gênero de filme, montanha ou praia, salada ou junkie food, sei lá... As preferências fazem parte do ser humano, por mais flexível que alguém seja. E falei: “Bem, já deu..., to indo”. Por que eu fui fazer isso, meu pai?!? O cara não gostou nem um pouco... Quando dei por mim estava levando uma DR com um desconhecido! “Mas o que você quer? Você é imatura! Eu estou aqui à disposição e você só quer saber do que eu gosto???”
Ah, fofucho, fala com a minha mão. Eu ainda acredito em afinidades, em individualidade, em companheirismo, e não suporto dependência ou falta de personalidade. Não havia nada, e já havia expectativas, cobranças.
Socorro... Vamos fazer uma sociedade mais emocionalmente estruturada, estável, e livre? Podemos ir devagar? Acelerar quando der na telha? Mas sempre conscientes de quem somos? Sei que podemos!
Obrigada!
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* A insustentável leveza do ser é o título de um livro de Milan Kundera (1984), autor tcheco que entre outras obras escreveu o ótimo A brincadeira. A história acontece em Praga e em Zurique, em 1968, e atravessa algumas décadas. Narra os amores e os desamores de quatro pessoas: Tomás, Teresa, Sabina e Franz. É permeada pela invasão russa à Tchecoslováquia e pelo clima de tensão política que pairava na Praga daqueles dias.
O livro foi adaptado ao cinema, com o mesmo título, pelo diretor Philip Kaufman.