domingo, 5 de dezembro de 2010

[Não] Pertencer



Circulo. Vou a vários lugares. Os locais onde trabalho, restaurantes, casas de amigos e parentes, minha própria casa. Mas, de alguma forma, a sensação é a de não pertencer.
Talvez pela diferença entre cada um dos ambientes – física e espiritual. Talvez por não saber o que realmente poderia me prender a eles.
Sempre foi assim: morei em tantas casas, estudei em muitas escolas, trabalhei e trabalho em vários lugares. Houve um ou dois anos mais fixos, mas o que representam diante de décadas itinerantes? Não tenho raízes espaciais...
No entanto, ao contrário do que se possa imaginar, isso não me entristece ou angustia – apenas me envolver em perguntas sobre qual é meu verdadeiro lugar. E como vento, continuo por ai.
Enquanto divago, no ônibus, percebo o dia escurecer ao som de Portishead – give me a reason... – e lembro de um conto de Guimarães Rosa: Meu tio, o Iauaretê. Iauaretê significa jaguatirica num idioma indígena. É a história de um homem que vive no limite entre ser humano e ser onça. E questiona-se e desculpa-se por ser ambos e nenhum.
Volto a mim – ainda estou no ônibus. Agora, vejo-me ao computador. No escuro, somente a luz do monitor a iluminar o ambiente, o Word aberto. Quantas horas eu já passei na frente do computador? Mas com certeza não é a ele que pertenço, ou me prendo.
Vou atrás de alguns versos do Drummond... ou seria do Mário de Andrade. Bem, nunca fui boa com nomes – apenas com conceitos, afinal é isso que faço.
O Portishead acabou. Morphine entre – you’re the night, layla... Agora já está escuro mesmo. O ônibus faz o ultimo retorno antes do ponto onde vou descer. Entro no carro, on the road again. Vou atrás de algum conforto.
Ah, o meu lugar?
Aqui ;-)

Texto publicado por mim em outro blog, em 22 de agosto de 2007.

domingo, 28 de novembro de 2010

Cansaço de que


Há dias em que simplesmente não agüento mais. Tudo dói. O silencio dói, o barulho dói, a mentira, o despeito, falta de delicadeza doem.
E vêm os amigos. “Vamos sair”, dizem eles, “precisamos conversar, você não pode ficar aí”. “Mas eu estou cansada”, respondo, sem o menor peso na consciência. E surge a dúvida. Será que realmente eles entendem quando digo que estou cansada?
Meu corpo está cansado. Faz muito calor e meu trabalho me exige demais. Eu gosto, é divertido, mas ao fim realmente estou esgotada, com dor nos pés e nos pulsos.
Minha mente está cansada. Os testes foram marcados todos para o final do ano, seleção, entrega de projeto, avaliações. Tudo tem de ser feito antes do natal.
Meu coração está cansado. Amigos e amores realmente não me entendem. Não entendem que há lugares que eu não devo ir, pessoas que eu não devo ver, porque, sobretudo, trazem de lembranças das coisas que eu quase realizei, mas que não vingaram. E isso me cansa profundamente.
Cansa saber que eu tentei, algumas vezes, alterar algumas situações. Cansa ver que ver que não deu certo. Cansa lembrar o fracasso. Cansa ver que as pessoas ao meu redor não entendem meu despeito, o meu não conformismo. E pensar que estou de cercada de pessoas de boas famílias, que estudam ou estudaram, que fizeram faculdade, pós-graduação, viajaram pelo mundo. E que simplesmente não enxergam um palmo a sua frente.
A ignorância me cansa. Principalmente a ignorância que é desejada, que permanece nas pessoas com “cultura”, nas pessoas “espiritualizadas”. Enquanto o cansaço e a dor provocada por eles não passar, ficarei no meu canto.

*****

Graças aos céus, mas nem todos são assim. Minutos antes de eu terminar este texto, fui procurada por pessoas que tem amor no coração, que ouvem, e que são prazerosas de ouvir.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

HAHAHAHAHAHAHAHAHA


I'm so happy
'Cause today I've found my friends
They're in my head
I'm so ugly but that's okay,
'Cause so are you, we broke our mirrors
Sunday morning is everyday
For all I care and I'm not scared
Light my candles in a daze
'Cause I've found God
Yeah,Yeah
I'm so lonely, but that's ok
I shaved my head and I'm not sad
And just maybe I'm to blame
For all I've heard, but I'm not sure
I'm so excited
I can't wait to meet you there, but I don't care
I'm so horny
But that's okay, my will is good
Yeah,Yeah

I like it - I'm not gonna crack
I miss you - I'm not gonna crack
I love you - I'm not gonna crack
I killed you - I'm not gonna crack
I'm so happy
'Cause today I've found my friends
They're in my head
I'm so ugly but that's okay,
'Cause so are you, we broke our mirrors
Sunday morning is everyday
For all I care and I'm not scared
Light my candles in a daze
'Cause I've found God
Yeah,Yeah

I like it - I'm not gonna crack
I miss you - I'm not gonna crack
I love you - I'm not gonna crack
I killed you - I'm not gonna crack

(Lithium, Nirvana)

*****

Nem sei como explicar. Estou muito contente. Até agora eu só gritei - já estou ficando sem voz de tanta alegria!!!
Como diria o rei, "São tantas emoções, hehehe"...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

X I X

“A morte de Sêneca” - Gerrit von Honthorst
1. Refugia-te nestas coisas mais tranqüilas, mais seguras, mais elevadas! Pensas que é a mesma coisa cuidar para que o transporte do trigo chegue livres da fraude e da negligência dos transportadores, que seja armazenado com cuidado nos armazéns, de modo que não se aqueça ou não se estrague pela umidade e não fermente, e, por último, que a medida e o peso se encontrem de acordo com o combinado; pensas que tais cuidados possam ser comparados com estes santos e sublimes estudos que te revelarão a natureza de Deus, seu prazer, sua condição, sua forma? Irão te indicar o destino reservado à tua alma, onde nos colocará a natureza quando formos libertos dos corpos? O que sustenta os corpos mais pesados no meio deste mundo, o que suspende os mais leves, leva o fogo às regiões mais elevadas; indica aos astros a sua rotação e, assim, muitos outros fenômenos ainda mais maravilhosos? 2. Queres, uma vez abandonada a terra, voltar a mente a essas coisas? Agora que o sangue ainda aquece e que está pleno de vigor, devemos tender às coisas melhores. Encontrarás, neste tipo de vida, o entusiasmo das ciências úteis, o amor e a prática da virtude, o esquecimento das paixões, arte de viver e de morrer, uma calma inalterável. 3. Certamente, miserável é a condição de todas as pessoas ocupadas, mas ainda mais miserável a daqueles que não são para si, esperando, para dormir, o sono dos outros, para comer, que o outro tenha apetite, que caminham segundo o passo dos outros e que estão sob as ordens deles nas coisas que são as mais espontâneas de todas – amar e odiar. Se desejam saber quão breve é a sua vida, que calculem quão exígua é parte que lhes toca.
(Sêneca, Sobre a brevidade da vida, Porto Alegre: L&PM, 2009, p.80-81).


*****

No ano 65 d.C., Sêneca foi acusado de ter participado na conspiração de Pisão, na qual o assassinato de Nero teria sido planejado. Sem qualquer julgamento, foi obrigado a cometer o suicídio. Na presença dos seus amigos cortou os pulsos, com o ânimo sereno que defendia em sua filosofia. Tácito relatou a morte de Sêneca e da mulher, que também cortou os pulsos. Nero, com medo da repercussão negativa dessa dupla morte, mandou que médicos a tratassem, e ela sobreviveu ao marido alguns anos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

I wanna be your dog (*)


Totó, Teteu e Lady Blue

Eu adoro gatos… Mas não nego, gosto muito de cachorro.
É que assim, com gato, parece que a relação é mais madura, eu troco idéias, falo da minha vida atual... Na foto do perfil estou com a Cherie, uma dos meus seis gatos.
Mas eu sempre tive cachorro. Minha mãe sempre teve cachorro. Acho que vem de família mesmo, não dá para ficar sem. Hoje temos quatro, mas eram sete. Eles são aquele lado mais criança, aquela coisa sem tempo ruim. Ou melhor, ele até existe, mas dali dois minutos está tudo resolvido. Gato demora mais para esquecer. Cachorro quer festa!
Mesmo mais velhos, os cães festejam. Eu tenho labradores, o mais velho com 13 anos e meio e os “bebês” farão 11 anos em dezembro. Lógico, que a correria não é mais a mesma. Mas ela existe mesmo assim. Com gato, com o passar do tempo, é só colinho mesmo.
Eu acho que a relação com os cães é meio de irmandade – somos todos, eu e eles, os filhinhos da minha mãe. Com gato é relação de amigo, de contar segredo, de dar aquela bronca de “ACORDA!”
Hey, brothers, este post é para vocês!

*****

Eita calor... agora choveu... Os cães estão desmaiados, e os gatos em alerta: os sapos tentam invadir a casa.
Como se não bastassem as pererecas noturnas.

*****

Falando em calor, estive há uns dias no Rio de Janeiro. Circulei por Botafogo, Urca, Catete, Copacabana, Centro e Lapa. Não vi cachorros de rua – nem gatos. Os animais que apareciam estavam sempre acompanhados de seus donos.
Como é isso? Metrópole sem bicho abandonado? Também não me lembro de tê-los visto em Nova York. Em Buenos Aires eu vi sim. Lá há até uma praça onde vivem centenas de gatos e nela há uma placa dizendo: Proibido Molestar os Gatos.

*****

(*) Ouvindo Stooges

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Limpando a casa




Dica do dia:

Aproveite para descansar e fazer uma análise honesta daquilo que você pode até gostar, mas que não faz mais sentido prático em sua existência.


Sim.... Se algo ou alguém quiser ficar na minha vida, assegure-se de que faz sentido para mim. Gostar das pessoas é fácil (o contrário também é): eu costumo focar nas qualidades, no bom humor, no esforço em ser alguém melhor, mas de repente percebo que elas não me acrescentam nada e pior, elas também não são acrescidas em nada com a minha companhia. 
Limpar é sempre bom: bom para o ambiente, bom para a pele, bom para o humor, para tudo. Não é necessário grosseria nem altos gastos de energia. É decidir que se quer e o que não se quer e deixar fluir.
E além disso é gostoso, de vez em quando, lembrar os fatos e ver com vivemos coisas divertidas, que às vezes, na hora, nem pareciam tão interessantes assim, e o melhor, perceber como essas coisas tiveram começo, meio e fim. Há o que fica para sempre, mas sem o apego - deixar ir e ir embora é sinal de respeito pelos caminhos individuais e também de maturidade para assumir o desapego, das coisas, das pessoas, e dos lugares - desta forma, nos apresentamos sempre prontos para o novo.
Agora, depois do carnaval, da copa do mundo e das eleições, momento em que o ano começa de verdade, vamos limpar tudo aquilo que não mais acrescenta e liberar tudo isso para outras pessoas que possam ser mais beneficiadas neste momento.
FREEDOM!!!!!


****
Ouça:  Declare Guerra (Barão Vermelho)

Declare guerra aos que fingem te amar
A vida anda ruim na aldeia
Chega de passar a mão na cabeça
De quem te sacaneia

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ai, a Beleza… Fundamental, não?

Hoje ouvi, após muito tempo, uma música da Cindy Lauper, que se chama True Colors.
Basicamente, diz para nos mostramos ao mundo como somos, com todas as nossas cores, e não se deixar apagar ou escurecer pela loucura que nos cerca.
E isso tem tudo a ver com beleza.
Afinal, o que é a beleza? Há quem diga que é simetria de traços. Ok, então podemos dizer que um quadrado é o melhor representante da beleza, certo?
Cor é beleza? Então porque há tantos admiradores de fotografias em PB?
Beleza é harmonia. Quando olhamos para um animal, descabelado, com machas assimétricas, mas que vem todo contente em nossa direção é difícil segurar o comentário: “Que lindo! Que fofo!”
Quando vamos a uma praia, principalmente daquelas pouco freqüentadas, ainda meio selvagens, é impossível não se impressionar com a beleza do local.
E o que esse local ou aquele bichinho têm em comum? Harmonia. Eles são o que são, não vão mudar, estão satisfeitos – aliás creio que nem pensam, nisso na verdade. Um cachorro sabe bem o que é, não se confunde com um gato ou um cavalo – não mia, não relincha, não pia – apenas late. A vaca pode até tossir, mas certamente não vai rugir. Não seguem tendências, não fazem plástica, não se preocupam com rugas. Mas sempre acertam no modelito – ou vai me dizer que as florestas da Mongólia erraram nas flores para, como se pode ver no filme Herói?
Beleza vai além do físico; este é apenas uma pequena manifestação dela – beleza é amor próprio é equilíbrio, é alegria e vontade de viver.
Quer ser belo? Quer arrasar? Busque harmonia – ela vai transparecer nos seus olhos, no seu sorriso, e vão mostrar ao mundo suas verdadeiras cores.
Harmonia é imprescindível! E aí, teremos que concordar com o poeta, e dizer que beleza é fundamental sim.
Irresistível, não?

***
Há também aqueles não vêem beleza em nada. Foram tão corroídos pela própria desarmonia, que além de não serem mais belos, não permitem a beleza em nenhum lugar. Rezemos por eles.

sábado, 16 de outubro de 2010

Sumida!


Acho no mínimo engraçado quando dizem para mim: “Nossa! Você está sumida!” Eu realmente não entendo. Todo dia eu olho no espelho – e sempre me vejo lá, refletida. Ou seja, realmente não me desintegrei, continuo parte deste louco mundo. Sumida... O que de fato isso quer dizer?
Pois, quem me conhece sabe, eu não fico muito tempo indo aos mesmos lugares – eu enjôo, e normalmente antes que isto aconteça, de modo a que no futuro eu possa lá voltar feliz e contente, dou um tempo.
Outra coisa: eu sou loucamente apaixonada por mim mesma. Sim é verdade, considero Lady Blue um grande exemplo de mulher, de ser humano, etc. E por isso há momentos em que aprecio a minha própria companhia, exclusivamente. Adoro ver gente, sair, conversar, mas há épocas em que eu realmente me basto.
E quando estou com as pessoas, sempre estou com novidades para contar, coisas que elas não puderam experimentar junto comigo.
Mas quero deixar bem claro: eu amo meus amigos! E o fato de não vê-los ou não falar com eles regularmente não significa que eu tenha me esquecido deles. Aliás, eu amo a humanidade. Acredito totalmente no potencial do ser humano.
Agora, você diz que eu estou sumida... Hum... Você me telefonou? Você mandou email, sms, recadinhos por redes sociais, blogs? Você veio me visitar? Não, né... Então, quem está mesmo sumido? ;-)

***
Aliás, uma informação: eu trabalho bastante. Eu gosto do(s) meu(s) trabalho(s). Não sou workaholic, mas gosto que saia tudo bem feito. Além do mais, tenho minhas ambições e, sinceramente, não fico contando com alguém para me financiar. Portanto, eu me dedico ao meu trabalho. Assim, sumida talvez não termo apropriado, e sim, quem sabe, concentrada em meus afazeres, em mim mesma.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Isso pode, aquilo não pode


Ultimamente, eu tive uma dose cavalar de regras sobre o que pode e o que não pode. E isso, lógico, gerou um conflito em minha pessoa enquanto ser humano e mulher. Primeiro, porque tive uma criação livre. Desde pequena, o que sempre ouvi de mamãe foi: “Tudo pode; mas já se você deve ou não deve fazer, se será inconveniente ou trará alguma conseqüência desagradável, isso você decide”. Então, para mim, eu posso tudo, você pode tudo, todos podem tudo.
Infelizmente, eu ainda julgo algumas possibilidades das pessoas – estou me esforçando para abandonar essa atitude, quem sabe amanhã será diferente. Acho isso chato, aqulo é brega, etc, mas na verdade, pouquíssimas coisas me incomodam mesmo. Mas uma dessas poucas coisas é justamente essa imposição de regras convencionais, mundanas, e porque não dizer, medíocre.
Assim, se você quer andar pelado por ai, por mim está tudo certo – lembre-se apenas de que ser for em lugares públicos você corre o risco de ser preso por atentado ao puder. Ou seja pode ficar pelado, mas na rua não deve, concorda?
Se você quer sair com oito pessoas, seja justo, claro, e corajoso. Assuma isso para todos os envolvidos. E ai cabe a eles decidir se topam esse tipo de relação ou não. Ou seja, poder pode. Deve?
Você pode mentir na entrevista de emprego e dizer que é programador sênior de bancos de dados, quando apenas sabe alimentá-los. Mas aí, meu caro, lembre-se de estudar muito, para não fazer feio caso seja contratado. Não pode? Claro que pode!
Uma lésbica te olhou interessada. Você é hetero. Uai, não dê brecha para a moça, mas não a impeça de querer algo. O fato é que ela não vai conseguir, mas sim, ela pode desejar.
Diga a verdade, você tem dificuldade em acordar cedo. Nem todos nasceram para madrugar, e acredite-me, Deus ajuda mesmo assim. Não pode dormir até tarde? Pode sim, mas lembre-se de não marcar nada para o período matinal, e de desligar o celular antes de dormir, lá pelas 6h da manhã ;-).
Você está jantando fora, em São Paulo, e decide que quer ir para Santos, olha o relógio e é meia-noite e meia. Pode? Lógico que pode, mas provavelmente você terá de ter um carro para isso. Mas não perca a chance de aventurar-se pelo mundo. Minha dica é ter um kit básico para sobrevivência na bolsa ou na mochila (no meu caso, o kit contém escova de dente, pente, maquiagem e pendrive).
Enfim, a lista seria imensa. Pois, afinal, TUDO PODE!
Helloooouuu – estamos no século XXI. Acorda pra Jesus, minha gente!!! (ou para Alá, Odin, pra Deusa, pro Capim Santo, whatever). Ou será que eu vivo numa sociedade de débeis mentais incapazes de perceber que na verdade tanto faz, se você não tem amor no coração e liberdade na cabeça, faça ou deixe de fazer o que for, estará sempre infeliz?

***

Agradeço aos meus pais por ser livre e tudo poder!



***
Dica de filme: Os Idiotas

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Eu não vou me preparar para um mundo de baixa qualidade

Realmente não vai dar. E se para isso eu tiver que abrir mão de algumas coisas que eu quero, beleza, assim será. Afinal perto de mim, eu quero pessoas que também saibam que são mais do que este mundo quer que sejamos, que sejam livres, que sempre vejam opções e possibilidades.
Quanto mais passa o tempo, é impressionante o número de pessoas adultas que ainda deseja se enquadrar... “Mas e seu eu agir um pouco diferente? E se eu me mostrar assim ou assado?” Ah, para que? Para que uns seres medíocres fiquem orbitando ao seu redor?
Não, obrigada.
Eu partilho daquela idéia do filme Corpo Fechado: se existe alguém tão fraco, deve existir alguém forte. Assim se existe gente tão desinteressante deve haver pessoas interessantíssimas.
Então, me perdoe, mas eu não vou acordar cedo para parecer responsável. Eu sei as coisas com a quais me comprometo, e delas venho cuidando numa boa, no meu tempo.
Eu não vou fazer papel de mocinha cocota pra agradar homens machistas e que vivem na Idade da Pedra. Sou livre, faço o que gosto e quando tenho vontade.
E não vou mudar minhas roupas, meu cabelo, minha forma de tratar meus amigos e família, minhas piadas incorretas, apenas para ficar quites com esse mundo pequeno e sovina.
E se você é meu amigo, e insiste nisso, cuidado, um dia você pode treinar tanto que vai estar preparadíssimo para essa baboseira. E longe, longe de mim, afinal quem me conhece sabe: eu sei como desaparecer na bruma.

***

Liberdade é opção, e ter opções, criar opções. Então não me venha com: “Eu não tive escolha...” Assuma logo que escolheu fazer determinadas coisas. Assuma que também é livre. É tão bom! Deve ser por isso que estou sempre sorrindo... é o efeito Liberdade!

***

Escrito num fim de tarde chuvoso e escuro (sem energia elétrica!) na Floresta Encantada.

domingo, 3 de outubro de 2010

Rock’n Roll!


Sexta-feira passada assisti a um show muito bacana, na Livraria da Esquina. Trata-se de As Radioativas.
Aliás, as três bandas da noite (Filhos de Inácio e Red Light Gang, são as outras duas) foram muito legais. Mas fazia tempo que eu não sentia uma vibração tão rock’n roll, tão visceral como a das meninas da banda.
Eu conheci a vocalista, Taty The Sex Maker, num estúdio há uns meses e até pensei que se tratava de apenas mais uma garota que ia tentar fazer algum sucesso com uma banda, mas não ia dar em nada. Mas que nada, a postura dela é cativante, as músicas são bacanas, daquele tipo que você quer ter para ouvir em casa, e o show empolga mesmo.
Isso sim me faz feliz!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Los amores de Paco me vuelven loca! (*)


Novela realmente me faz mal. Tudo bem, pode ser engraçado mas eu sempre me pergunto até que ponto o que passa na telinha é somente uma história, um reflexo ou ainda inspiração para a vida real.
Eu não faço o tipo mocinha romântica ao extremo e costumo ser mais prática do que sonhadora. Mas ver casais que aparentemente se amam serem impedidos de ficar juntos por que outra pessoa assim quer, me deixa muito deprimida. Eu pensei a respeito e cheguei à conclusão que ou é coisa de outra vida ou foi o fato de eu assistir aquele filme Amor sem fim quando era muito pequena – sofri demais com aquela história. Ou vai ver que é realmente algo da outra vida que me fez sofrer com o filme também.
O fato é o seguinte: Eu comecei a ver, de vez em quando, a novela Tititi, pois um conhecido meu atua lá (Tumura).  Não assisto regularmente, mas tenho pegado os enredos principais, sempre na tentativa de ver o trabalho do cara.
Bem, na novela tem a Marcela, que finge que está grávida do Gusmão. O Gusmão morreu, quando deu uma carona para ela e toda a família dele achou que ela era uma namorada que ele ainda não tinha apresentado – e “adotam” a moça. Então ela conhece o Edgar, irmão do Gusmão, que está para se casar com a Camila. E os dois, Marcela e Edgar se apaixonam. Mas além de estar noivo, Edgar também se engraçou com a Luiza, esta sim mulher perigosa, mais vivida e que quer as coisas do seu jeito.
Bem, para começar, o Edgar é um fraco. Cede às pressões alheias, da sua família supostamente tradicional, e não desmancha seu noivado (noofa, que escândalo isso seria!!!). Não conta para ninguém que está afim da Marcela. Esta continua mentindo para todos (menos para o Edgar) sobre o pai do seu filho, e somente na véspera do casamento resolve que realmente quer ficar com o Edgar. Então, no dia do casamento os dois fogem, mas a Luiza, que faz o tipo “se não fica comigo não fica com ninguém” arma a maior confusão, coloca até a mãe do moço na jogada, só para o casalzinho não conseguir ser feliz. E fim, eles não fogem. A Camila sofre, mas está mais interessada na peruagem do casamento do que no noivo em si. Então, ela não me preocupa muito. Mas a maldade da Luiza, a fraqueza do Edgar, nossa isso realmente me deixa doente.
Ok, isso é novela, e provavelmente eles vão ficar juntos no fim, e serão todos felizes para sempre. E sim, eu acredito no amor, e acho que as coisas são mais fáceis do que parecem, quando as pessoas certas estão envolvidas no caso.
Mas eu realmente chego a ter ânsia de vômito quando penso que essa história poderia ser realidade. Quanta gente fraca e má! Pra quê, posso saber?
Por favor, pessoas, não sejam assim. Com nada, no amor, com os amigos, no trabalho, com a família. Sejam benevolentes e sinceros. É mais fácil, e não gera carmas.

***

Já falei a respeito dos hormônios? Eu diria que luto diariamente para que eles não me controlem, mas muitas vezes perco. E TPM – alguém já ouviu falar? Será que eu estou sob o efeito dessa síndrome? Será que o mundo não tem solução? Será que chegaremos a uma resposta sobre o sentido da vida? De onde viemos? Para onde vemos? Será alguém capaz de me defender? (Não, o Chapolin Colorado, please!)



***


(*) Minha avó sempre soltava essa frase quando alguém dizia alguma coisa sobre um amor não correspondido... Hoje fui atrás e achei um uma página que fala da cultura da Montaña Palentina, e aborda esses versinhos inclusive com o próprio lá.
Eram cantados por moças e moços destinados a seduzir um amor ou lamentando a falta dele, com acompanhamento de instrumentos de percussão.

17-Los amores de Paco
Me vuelven loca
Yo me muero por Paco
Y.. Paco por otra.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Shiva amaldiçoado


A história é que Shiva estava fazendo amor com Devi, sua consorte. E é claro que, quando Shiva faz amor com sua consorte, não é um amor comum. E ele não faz amor com as portas fechadas; as portas estavam abertas. Houve um problema no mundo dos deuses, e Brahma, Vishnu e uma grande multidão de deuses tinham ido perguntar qual seria a solução de Shiva para aquela questão urgente. Por isso eles entraram na sala – a privacidade de Shiva tornou-se conhecida – mas ele estava tão absorvido no amor, que não percebeu que havia uma multidão assistindo. Todos os deuses tornaram-se voyeurs. Não conseguiram sair, porque algo muito forte estava acontecendo. A energia era muito grande, eles a sentiam. Não conseguiram sair. Não conseguiram interromper, porque aquilo era algo muito sagrado.
E Shiva continuou fazendo amor, sem parar. Os deuses começaram a ficar preocupados, pensando se ele nunca ia parar. E estavam com um problema tão grande que uma solução urgente era necessária. Mas Shiva estava completamente distraído. Ele não estava ali, Devi não estava ali – o homem e a mulher tinham se misturado completamente, um dentro do outro. Uma unidade tinha se formado, uma grande síntese, uma enorme orquestra de energias.
Eles queriam ficar, mas ficaram com medo dos outros deuses. É assim que a mente puritana funciona. Estavam muito interessados em assistir, mas ficaram com medo, porque se os outros vissem que eles estavam assistindo, observando e gostando, perderiam seu prestígio. Por isso, eles amaldiçoaram Shiva: “A partir de hoje, sua imagem desaparecerá do mundo e você será lembrado como um símbolo fálico”: lingam em yoni, sol na lua, a jóia no lótus. “Agora você será sempre lembrado como um orgasmo”. Essa foi a maldição.

 * * *

Os outros deuses amaldiçoaram Shiva, mas essa maldição parece ter se transformado em uma benção, porque o símbolo é muito belo. É o único símbolo fálico no mundo adorado como um Deus, sem qualquer condenação. Os hindus se esqueceram completamente de que ele é fálico; não dizem que ele é fálico. Eles o aceitaram totalmente. E o símbolo é belo porque não é apenas Shiva ali, mas também yoni, yin, também está lá. O lingam é colocado no yoni; os dois estão se encontrando. É um símbolo de encontro, de orgasmo, da energia se tornando uma só.
O mesmo ocorre por dentro, mas só acontecerá quando você deixar a mente. O amor só é possível quando você deixa a mente de lado. Mas quando você deixa a mente, não apenas o amor, mas Deus também se torna possível, porque amor é Deus.


(OSHO. Além de marte e vênus. São Paulo: Celebris, 2006. p.190-197)

* * *



De acordo com as escrituras Védicas, SHIVA é o símbolo máximo da potência masculina. Em seu planeta, a montanha KAILASA, existem apenas entes femininos, e quem quer que pise em sua terra, imediatamente se transforma em mulher. SHIVA possui um terceiro olho que sempre permanece fechado, pois no momento em que abri-lo, toda a criação será incinerada pelo calor abrasivo do fogo da renovação.



LINGAM: Também chamado de linga, é o símbolo fálico de Shiva, que representa o instrumento da criação e da força vital, a energia masculina que está presente na origem do universo. Está associado ao poder criador de Shiva. A palavra "lingam" significa emblema, distintivo, signo. O lingam é o emblema de Shiva. Na Índia, reverenciar o lingam é o mesmo que reverenciar a Shiva. Ele pode ser feito em qualquer material, embora o preferido seja o de pedra negra. Na falta de uma escultura, se constrói um lingam com a areia da praia ou do leito do rio; ou simplesmente se coloca em pé uma pedra ovalada. É comum nos templos, se pendurar sobre o lingam uma vasilha com um pequeno orifício no fundo. A água é derramada constantemente sobre ele numa forma de reverência. A base do lingam representa a yoni, o genital feminino, mostrando que a criação se dá com a união do masculino e feminino.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Vogel



Todos esses que aí vão
atravancando meu caminho
eles passarão,
eu passarinho.

(Mário Quintana, Poesias)


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Vogel é pássaro em alemão.

A primavera chegou!!!!



Hoje, dia 23 de setembro, aos 9 minutos da madrugada, entramos na primavera 2010.
Eu adoro. Primavera e Outono são minhas estações favoritas. Mas o mais bacana é a variação, sem dúvida.
E gosto mais ainda de acompanhar as mudanças que as estações trazem.
Agora é tempo de semear e florescer. 
E eu sinto que é como a vida realmente ganhasse nova força, ao meu redor e dentro de mim.
Que seja para todos!
Feliz Primavera!!!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ó dúvida cruel

Estou com algumas dúvidas... depois de pensar em várias possibilidades práticas e racionais e não chegar a conclusão nenhuma, fui para pegar um conselho do tarô, num site que tem esse serviço gratuito. E o que me sai? Os Enamorados:


Eis um trecho do que o arcano traz: 
"Aceite a dúvida como algo que liberta, que permite que se pense melhor sobre tudo. Não se deixe guiar por impulsos emocionais e dê tempo ao tempo. Se você não consegue tomar uma atitude por não conseguir chegar a um resultado final, melhor nada fazer e esperar um tempo mais adequado".
Legal... mas fala isso para uma aquariana com ascendente em áries...

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E para ajudar ainda estou num trânsito astrológico que diz que tudo o que eu disser pode se mal interpretado e gerar confusão. MARAVILHA!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dani Lee foi passear, Dani Lee foi encontrar o amor

Dani no Danimóvel


Minha amiga casou!!! Juntou os trapinhos com o namorado. Achei tão lindo!!! Nada de cerimônia, um simples acerto entre duas partes afins. Simples assim.
Ela é uma das pessoas mais divertidas deste mundo, doidinha. E ao mesmo tempo tão romântica, com suas roupas de boneca e músicas meigas.
Este ano ela está com tudo: comprou seu carro, viajou para Argentina, apostou tudo no amor... e ganhou.
Querida Dani, seja sempre feliz!!!!

Eu e Lelê, Lelê e eu

Lady Blue e Lelê escolhendo teatro para audição deste ano
Este é o melhor primo do mundo. Meu amigo, descolado e um baita pianista. E que sempre me dá trabalho (de MC nas audições da escola de música dele).
Nós somos diferentes, mas temos humor afinado entre nós. Por nossa aparência, ninguém diz que somos primos. Mas é só começarmos a falar nossas besteiras que isso é inegável!
Para mim, que sou filha única é maravilhoso ter alguém como o Lelê.
Lelis, te adoro!!!!!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Over


Uma coisa que eu tenho aprendido ultimamente é perceber que determinadas coisas chegam ao fim mesmo, encerram seu ciclo e acabou. E mais que isso, a tirar meu cavalinho da chuva nessa hora, mesmo que eu quisesse que lá ele ficasse mais uns minutinhos.
E está sendo um processo interessante.
Primeiro, eu queria que as pessoas percebessem isso, sem eu dizer nada. Às vezes já tinha dado meu tempo, mas havia insistência por parte dos outros, e eu não entendia porque eles queriam perder tempo comigo, que não queria mais papo. Aí eu me dissolvia no ar, como que abduzida, e nunca mais houve notícias minhas.
Agora, eu entendo que tenho que dar um ponto final, e explicar mesmo que não pretendo estar disponível caso seja procurada. E falo de todas as situações da vida: amores, amizades, trabalhos, vizinhos, atendentes de telemarketing, etc.
Segundo, a parte mais delicada. Perceber que o contrário também acontece: por mais adorável, linda, inteligente, simpática, produtiva e modesta que eu seja, também há pessoas que não querem mais me ver nem pintada de ouro. E que ocorre é aquele velho problema do orgulho ferido. Como assim, eu não sirvo para você?!?!!?
Mas mesmo assim eu tenho uma reclamação: se eu aprendi a dizer que não dá mais, ao invés de simplesmente evaporar na bruma, será que os outros também não poderiam dizer isso? “Olha Darling, realmente a gente não tem nada em comum, ok. Fiquemos por aqui”.
Mas é complexo. Mamãe sempre me diz para não medir os outros por mim. Dureza...
Já vi situações de trabalho, por exemplo, em que um chefe não gostava do serviço de um subordinado, e ao invés de civilizadamente dizer isso, preferiu dia após dia humilhar a pessoa até que ela pedisse para sair (e não era regime CLT que justificasse a atitude por conta de pagar mais ou menos ao demitido). Da mesma forma, pessoas começam a ser grosseiras e evasivas com amigos ou namorados até que o outro diga aquilo que o primeiro já deveria ter dito: acabou.
Então, aprendamos: se acabou, avisemos, assim todos podem continuar a vida, sem deixar pedaços para trás.