quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Frodo, Sam, e a arte de enxergar

Domingo acabei revendo o filme O senhor dos anéis: a sociedade do anel
Não costumo rever filmes. Ainda mais um tão longo como esse. Mas me surpreendi novamente. Sim, eu li toda a série, e acho que tudo que o Tolkien escreveu. Sei que não dá para ser tão fiel aos livros, e entendo a ideia de que cinema é outra linguagem. E caramba! O filme é maravilhoso! De novo!
Havia uma parte da história que estava esquecida... Frodo, após várias tentações, e apesar da sociedade do anel estar formada decide seguir sua missão sozinho. Acredita que assim não verá seus amigos se perderem na tentação de obter o anel. E vai.
Sam, seu fiel amigo, percebe em seguir as intensões de Frodo. E mesmo sabendo de sua decisão, resolve segui-lo, pois além do juramento feito a Gandalf de proteger o amigo, ele realmente sente amizade por Frodo.
Quando Frodo percebe que está acompanhado, reclama, pede que Sam o deixe seguir seu destino. Mas Sam insiste. E passado algum tempo, Frodo diz: “Obrigado por ser meu amigo”. Simples, ele não queria prejudicar ninguém, por isso preferiu ir sozinho, mas soube na hora que a proteção e apoio do amigo eram mais que necessárias – eram vitais, e ele fica grato por Sam ter “desobedecido” seu desejo.
É isso.
Vivemos hoje num mundo onde todos são individualistas e imediatistas. Querem tudo, querem agora, e depois não querem mais.
No meio disso tudo, construímos algumas relações de afetividade. Fazemos amigos. Só que estamos perdendo a capacidade de enxergar os outros. Estamos perdendo a chance de estar ligados a pessoas que compartilham nossos valores, mais do que afinidades.
E mais, perdemos a chance de proteger aquilo que nos é mais precioso, que é quem amamos. Afinal, todo mundo consegue se virar hoje em dia, não é? Não.
Toda vez que eu parto, toda vez que eu decido seguir um caminho que muitas vezes é árduo, mas que acredito que beneficiará aqueles que amo sem prejudicar os demais, vou sozinha. Olho para trás. Espero o Sam aparecer.
Estou aqui esperando.
*****
Acho que o pior disso tudo é escutar das pessoas como eu sou legal e como sou querida.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Sendo chatos


I came across a cache of old photos
And invitations to teenage parties
"Dress in white" one said, with quotations
From someone's wife, a famous writer
In the nineteen-twenties
When you're young you find inspiration
In anyone who's ever gone
And opened up a closing door
She said: "We were never feeling bored"

'Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought make amends
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end

When I went I left from the station
With a haversack and some trepidation
Someone said: "If you're not careful
You'll have nothing left and nothing to care for
In the nineteen-seventies"
But I sat back and looking forward
My shoes were high and I had scored
I'd bolted through a closing door
I would never find myself feeling bored

'Cause we were never being boring
We had too much time to find for ourselves
And we were never being boring
We dressed up and fought, then thought make amends
And we were never holding back or worried that
Time would come to an end
We were always hoping that, looking back
You could always rely on a friend

Now I sit with different faces
In rented rooms and foreign places
All the people I was kissing
Some are here and some are missing
In the nineteen-nineties
I never dreamt that I would get to be
The creature that I always meant to be
But I thought in spite of dreams
You'd be sitting somewhere here with me

*****
Por que há tempos não me sinto tão decepcionada

E chata.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Pessoas educadas, maçãs podres e hipocrisia


Para variar, estou cansada das pessoas educadas. Elas são boas e têm um bom discurso pela bondade e por valores. E aí surge aquela maçã podre no meio do saco. Ó, o que fazer?
A resposta é simples: livre-se dessa maçã podre. Queime, jogue fora, desintegre. Mas não permite que ela estrague as outras maçãs, sobretudo as mais doces e tenras.
Mas pelo visto é difícil. Vamos todos apodrecer juntos, é melhor. Discordo.
Aí, para não desagradar não sei a quem, todos aceitam a maçã podre, convidam-na, fazendo questão de sua presença. E as reuniões acontecem. E nelas as maçãs sadias, trocam olhares e cochichos discretos sobre o fato daquela infeliz maçã estar presente.
E aí tem eu. Eu não consigo. Não gosto, não me sinto nenhum pouco obrigada a conviver. Comento isso com quem sito afeto. E sempre escuto “Ah, deixa isso para lá” ou “A gente sabe que essa pessoa é complicada, coitada” ainda “Eu tive que chamar” ou “Eu tinha combinado antes de saber que ela era assim” e “É que eu tô afim da amiga dela”. E tem casos piores daqueles que querem que você e a tal podre virem “best friends forever”.
Como diz a devassa Sandy, cada um é cada um. Ok, somos livres para fazer nossas escolhas, e todos querem conviver com a podridão, go ahead. Mas eu também sou livre. Em primeiro lugar, escolho não viver com a podridão. Em segundo lugar, e às vezes com um pouco de dor no coração (intimamente ligada à decepção), escolho não conviver com pessoas, que tudo bem, não são maçãs podres, mas que curtem apodrecer pouco a pouco ao lado delas.
O fato é que meu círculo de amizades tem diminuído drasticamente nos últimos anos. Mas é fato também que me sinto cada vez mais livre.
Eu não espero coerência nem educação das pessoas – mas não conto com hipocrisia e ignorância. Sei que as pessoas erram, acertam, riem, chora, mudam de ideia. Normal.  Então, vamos definir a maçã podre: pessoa que põe os outros para baixo; pessoas parasitas; pessoas intrigueiras, que não suportam a felicidade dos próprios amigos; pessoas incompetentes.
Serei eu intolerante? Desconfiada? Mal educada? Pode ser, mas livre, sem rabo preso com ninguém.
E meus amigos, pessoas que eu chamo ou cujos convites eu aceito, podem ter certeza de que é porque acredito que não são podres. Tenho uns horários complicados, então não sou tão presente na vida daqueles que eu amo e admiro como gostaria. Mas não invento desculpas; aos que eu amo, explico porque não não dá. Aos podres, simplesmente recuso.

******
Já tentei dar outras chances algumas maçãs podres que apareceram pelo caminho. Não valeu a pena.

domingo, 18 de novembro de 2012

A micareta


Eu realmente me senti mal ao ver aquele movimento.
Estava no lobby do hotel, esperando amigos que iriam me levar a uma festinha indoor, queijos e vinhos, coisa boa.
Quando olho para fora do hotel, havia dois ônibus estacionados, desses de dois andares cada. Com exceção dos funcionários do hotel e de mim, todas as pessoas que lotavam o lobby a espera da partida dos ônibus trajavam seus abadás, e mesmo sem música dançavam loucamente.
A mim, pareciam todos iguais, com apenas diferença de gênero: os homens com braços super malhados e querendo a toda tirar a camisa (o que era impedido pelos funcionários) e meninas com abadas cortados cujos pedaços que não ficavam no tronco enfeitavam cabelos e pulsos.
Fazia um tempo chato: friozinho e chuva, muita chuva. E isso tudo só parecia aumentar a animação daquelas pessoas.
Na sequência, aparece um moço com megafone e anuncia que dentro do ônibus é open bar. E em menos de cinco minutos todos estão com copos e garrafas nas mãos, e agora começam cantar. O baile começa...
Meus amigos atrasaram um pouco e fiquei exposta àquela cena por mais algum tempo.
Bem, eu já estava assustada... Definitivamente não pertenço a esse mundo.
Ainda bem que haveria o jantar, esse sim, alimentou o corpo e o espírito.

*****

No jantar, além de ótima companhia, de vinhos maravilhosos e queijos e patê mais ainda, a música estava excelente!!!
E as conversas, inteligentes, engraçadas, instigantes... pena que acabou.


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Carnaval: mantenha-se longe de minha pessoa!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Duas rupturas


1

É triste... mas acontece.
Você tem uma pessoa que se diz super sua amiga – durante anos foi assim. Desde a tenra infância, para ser mais exata.
Aí um dia, você está muito, muito triste, desesperada. Você liga um milhão de vezes. A pessoa não atende. Você deixa recado, manda mensagem. Dias depois a pessoa diz que não pode falar contigo (com você, que nunca liga desnecessariamente) porque não tinha crédito no celular. Por que não me ligou a cobrar??? O mais triste é saber que ela foi viajar de férias, uns dias depois, para outro país.
Uns meses depois, você tem outra crise, se desespera, e novamente lembra que tem aquela pessoa super amiga. Você liga para todos os telefones – celulares, fixos, trabalho... ninguém atende. Você escreve, confirmando os números – sim eles estão certos. Avisa que vai sair para espairecer, pois está mal. Ela não lê direito o que você escreve e fala para ir à casa dela um dia desses. Nem pergunta se você está bem.
Você fica possessa, decide que não dá mais. Outros amigos, com os quais você comenta, dizem para deixar de lado, para conversar a respeito com ela. Ótimo, mas você não consegue encontrar com a pessoa, ela não atende o celular, e facebook ela divide com o marido (e seu assunto não é com ele).
Passa o tempo, você começa a relevar – na verdade nem pensa mais nisso. Sua tristeza ainda está um pouco lá, você adoraria poder conversar com alguém que te conhece profundamente, há tantos anos, que se diz sua amiga, mas nem cogita mais essa pessoa. Enfim, ela te escreve, te chama diz que está com saudades. Marca um sábado.
Mas não é no sábado, é no domingo. Domingo eu não posso. Mas ela confirma mesmo assim, diz para você ir à casa dela (afinal, apesar dos milhares de convites, ela não pode vir na sua casa) e marca para depois do almoço.
Na noite do dia anterior, apenas por hábito, você manda uma mensagem confirmando. Pronto, a conversa é outra. A faxineira estará na casa dela, ela quer mudar o horário para antes do almoço, quer sair pelo centro – enfim, outro programa. Infelizmente, eu não posso ir mais cedo, há complicações (que ela nem pensou em entender) ... Por que ela marcou sábado na casa dela depois do almoço se sabia que não ia rolar???
Para mim chega. Hoje em dia, eu realmente quero saber com quem eu posso contar.
1 vez você entende, 2 vezes você tem ódio, mas tenta relevar, 3, 4 5, 6 vezes... de boa, não é para ser.

*****

2

Engraçada a sensação de que tudo vai mudar. E que falta pouco para isso. É estranho ter essa certeza. Ao mesmo tempo, com a certeza, vem uma tristeza, por tudo aquilo que vai deixar de existir por causa dessa mudança. Mais estranho ainda, porque foram meses sonhando com essa mudança. Mas ver o passado (ainda presente) se desvanecer dói.
Dói porque, durante muito tempo, eu quis muito que fosse eterno, e que melhorasse e que acontecesse. Mas nada houve. Se houve, foi devagar demais para mim.
Saber, querido, que apesar de toda falta de atenção e consideração que você teve comigo durante esse tempo, eu torci por você, eu torci por nós, eu quis que algo muito lindo acontecesse.
Dói, porque eu vi o bem que eu te fiz. Pensar que isso podia ter ido muito além. Você é aquele meu projeto frustrado, que não deu certo, apesar de todo o investimento e dedicação. Dói por você e dói por mim.
Dói, porque justamente agora, lentamente, a sua ficha está caindo. Mas é tarde demais.
Às vezes eu imagino que você vai perceber mesmo, e vai chegar correndo, me impedindo de ir, dizendo que agora sim as coisas vão se acertar. Adiantaria? Creio que não, mas seria bom.
Mas o que era para esperar disso tudo mesmo? Simplesmente, chegou a hora de abrir e mão e seguir em frente. E de receber algo novo. E não doer mais.
So, this is goodbye.

*****

Escritos já algum tempo, mas quase sem coragem de publicar.


*****

While you reminisce
About the things you miss
You won't be ready
To kiss...goodbye
(Echo & The Bunnymen, The Game)


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Identidade: Lady Blue


Às vezes, eu queria ser uma amiga minha qualquer, e ter uma Lady Blue inspirada escrevendo para mim.
Aí eu poderia ler um texto no blog O Mundo de Lady Blue, que iria me mostrar a realidade, mas, ao mesmo tempo, acalentar meu coração.
E aí eu ia lembrar que a vida é bem mais simples. Por que a Lady Blue, que é foda, me lembrou disso – afinal ela já internalizou isso tudo. Ela sabe que as pessoas podem fazer tudo, são capazes, são super humanos. E sabe também que muitas delas ainda não sabem disso, e provavelmente nem saberão, e morrerão sendo fracas e pequenas. Mas nada disso teria muito importância, porque o que vale mesmo para ela é o sentimento, o vento, a impossibilidade e o novo. E as risadas.
Ela me lembraria de que nada adianta chorar. Aliás, que nem há motivos para isso.
E para todos os babacas que cruzam o meu caminho, ela me ensinaria alguma frase de efeito matadora e, me diria para explodir os imbecis da minha vida.
Até porque, como ela bem destacaria, essa gente não faz parte. Siga adiante.
E quando, mesmo com tudo isso, eu continuasse a sofrer, a Lady Blue me chamaria para sair, para dançar, beberíamos, riríamos, e todas as luzes brilhantes e coloridas iluminariam a minha vida. E a dela também (na verdade, a vida dela é sempre brilhante e colorida).
Ah, como eu queria ser a Lady Blue!

*****
Sempre me lembro do filme Quero ser John Malkovitch.
Acho instigante a ideia de estar dentro da cabeça dos outros, de ver o mundo pelos seus olhos.
E como seria entrar na própria cabeça, você vendo suas ideias, vendo através dos seus próprios olhos.
É quase um Escher!

*****
Sim, eu sou Lady Blue. ;)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

E Londres? O começo


Bem, vamos do início. Eu estava na Índia. Demorou para sair de lá.

1º trecho – Delhi para Bangalore, avião, 3h de viagem
Ainda dia 11. Cheguei às 21h em quatro antes do meu vôo para Paris. Eita aeroporto mais sem graça. Finalmente lá pelas 23h, consegui fazer checkin e despachar minhas malas.

2º trecho – Bangalore para Paris, avião, 12 horas de viagem
No dia 12 de agosto, meu avião saiu à 1h da manhã com destino a Paris. Essa coisa do fuso me confunde, e sei que cheguei a Paris às 8h da manhã.
Tinha treinado um pouco o meu francês o que me ajudou a achar rapidamente minha mala e descobrir como eu faria para trocar de aeroporto. Cheguei no Charles de Gaulle, mas o vôo para Londres sairia de Orly. E tudo na base do autoatendimento e do cartão de credito. Achei ótimo não falar com ninguém, afinal ainda era cedo demais. 

3º trecho – Paris Charles de Gaulle para Paris Orly – ônibus, 1h30 de viagem
No meio da viagem, ia apreciando a paisagem e escutando musica francesa. De repente descubro que não sei em qual parte do aeroporto de Orly devo descer. Respiro fundo e gasto meu ralo francês com o motorista – ele não fala inglês. Mas ele me entende J. É na primeira parte do terminal que devo descer mesmo. Chego cedo também, aproveito para olhar o aeroporto. Que graça – começo, após uma semana, a me sentir a vontade novamente. Nada como a vida ocidental. Chekin automático, auto atendimento para colocar as etiquetas nas malas, tudo fácil, rápido... Sai meu vôo a Londres.

4º trecho – Paris para Londres – avião, 45 minutos. 
Entramos num avião super pequeno, menos de 50 lugares. E apesar do curto tempo de vôo, nos serviram lanche e café. Estava me sentindo num avião particular. Antes das 15h da tarde, estava em Londres (de novo esse fuso).

Imigração.
Estava tensa... já tinha ouvido umas conversas sobre a chatice dos fiscais ingleses. A dica: mostre sua passagem de volta, mostre o endereço de onde vai ficar, leve muito dinheiro... Até os dois primeiros itens, ok. Mas dinheiro? Eu tinha uns poucos dólares e um cartão com menos de cem libras... Mas que é do bem é do bem, o fiscal foi um fofo, estava animado (deve ser resquício do espírito olímpico) e me liberou numa boa! Aí foi so pegar minhas malas e encontrar meu amigo no desembarque.

5º trecho – Aeroporto até casa de uma amiga, metro e ônibus, quase 2 horas. 
Não sei bem – já estava tão tonta que acho que o tempo foi esse. Mas foi tudo tão fácil, sobretudo porque um amigo que mora em Londres foi me buscar, ajudou a comprar o ticket do metrô, ajudou com as malas...
Só sei que fui até a casa da minha amiga, tomei um banho, larguei minha mala e pronto! Agora viver como uma inglesa! E fui passear, leve, leve :)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Índia, terceiras impressões


Quinta-feira, dia 9.
De malas prontas, vamos à última mesa redonda da conferência, que discute situação da classificação hoje em dia. O antigo e o moderno ressaltam aos olhos: americanos e alemães parados no tempo, singapuranos e outros americanos antenados com o que ocorre no mundo.
Retiramos nosso pôster, voltamos ao hotel e fazemos nosso último almoço em Mysore, enquanto aguardamos o carro que nos levará ao aeroporto de Bangalore. Meu destino: Agra.

1º. Trecho, 4h30 de carro
Sair de Mysore, ir a Bangalore, e cruzar um monte de cidadezinhas. Essa é a viagem por paisagens que, quando eu cheguei não vi pois era madrugada. Desta vez deixamos o hotel meio-dia e meia. Somos cinco passageiros e as malas que acabam sendo levadas no teto,  presas por uma singela cordinha – de acordo com o pessoal do hotel, a última palavra em segurança no envio de bagagens. Tudo iria bem se não fosse a chuva. A Índia está no período das monções, e por isso toda hora chove. E as malas dos meus colegas se molham. A minha, que estava por baixo, foi poupada.
A paisagem é desoladora: gente pobre, sujeira, vacas comendo lixo, pessoas lavando pratos e panelas na rua. Trânsito e muita buzina. Onde está a famosa espiritualidade indiana?
Chegamos ao aeroporto a tempo para todos, tomamos um chá, e vemos as lojinhas. Check in feito, procuro wi-fi. Consigo uma rede que libera 45 minutos gratuitamente, e aproveito para avisar ao motorista que deve me pegar em Delhi, que somente chegaremos depois das onze e meia. O tempo acaba e não recebo respostas. Espero que dê certo.

2º. Trecho, 2h30 de avião
Com 40 minutos de atraso, embarcamos num avião da Kingfisher (mas isso não é marca de cerveja indiana?). Um guarda de turbante verifica nossas bagagens de mão, antes de entrarmos na aeronave. Para meu espanto, as poltronas são largas, a temperatura é agradável e é servido jantar. Aproveito para dormir um pouco.
Chegamos quase meia-noite, e meu celular toca. Alguém avisando que o motorista já está nos aguardando. Rapidamente pegamos nossas malas. No banheiro, uma indiana abre a porta para nós, abre a torneira, põe sabão nas nossas mãos, e nos entrega a toalha – quer gorgeta. Visualizo o que me aguarda em Agra.
Saímos do aeroporto, e o tal motorista já correndo em nossa direção. Trata-se de um homem bastante simpático e gentil (estamos mesmo na Índia).

3º. Trecho, 3h carro
Deixamos o aeroporto. O motorista nos diz que ainda teremos 4h30 de viagem até Agra. Mas, para nossa alegriaaaa, acaba de ser inaugurada uma Expressway, uma rodovia de alta-velocidade que promete nos levar à Agra em até duas horas. E para nossa sorte, em seus primeiros dias de funcionamento, não são cobradas as taxas de pedágio. Eba!
De fato vamos rápido e com conforto. O simpático taxista nos mostra um pouco de Delhi a noite. Essa sim parece uma cidade grande, desenvolvida. Bate um alívio, um sentimento de esperança para a Índia. O problema é quando chegamos em Agra. O passado se apresenta na sua pior forma. E cadê o nosso hotel. Rodamos por mais de meia hora, e nada. Ligamos e nada. Após vários pedidos de informação encontramos o endereço.

Onde estamos?
O carro para, numa travessa no meio do nada. Trata-se de uma casa escura. Batemos, o motorista continua telefonando em hindu. Quinze minutos depois a luz interna se acende, e vemos, através da porta de vidro, uma sala com um colchão no chão, onde alguns indianos dormem. Eu e Nair olhamos uma para cara da outra. Não vai rolar.
O motorista percebe nossa aflição (ele realmente nasceu em Delhi, como nos contou?), e diz que conhece uns hoteis melhores na região. Seguimos viagem. Ele nos mostra algo como muito chique, e enfim nos leva a algo não tão caro assim. Informa aos funcionários que queremos olhar o quarto antes de decidir. O que fazemos, mas estamos tão cansadas que ao vermos a cama e o banheiro, aceitamos na hora o negocio.
O que foi uma besteira. O chuveiro não tinha água suficiente, apenas umas gotas, mas na banheira sai água em abundancia. Portanto, banhos de canequinha, e cabelos lavados na pia.
Mal terminamos de nos instalar no quarto, e batem na porta. É o recepcionista pedindo a gorjeta, as quatro da manhã. Achei o fim: não dava para esperar nos descansarmos um pouco? Antes dele, o rapaz que nos trouxe água também ficou estendendo sua mão. E para piorar, descobrimos que o café da manhã é duvidoso, e comemos apenas um pão, e um chá numa louça que não vai ganhar o premio de mais limpa do mundo.

Monumentos de Agra
Como de sexta-feira o Taja Mahal fica fechado, preenchemos nosso roteiro com visitas a outros templos e atrações. Nosso motorista chega pontualmente ao meio dia, e para nossa surpresa, vem acompanhado de outro homem. Mr. Giall, nosso motorista, o apresenta como um guia que fala espanhol. Ficamos pasmas, afinal não nos lembrávamos de ter solicitado nenhum serviço desse tipo.
E começam as perguntas: o que fazem, quais são os membros da família que vivem com você, filhos, quando volta para Portugal? Minha resposta: sou estudante, recém-casada sem filhos, e vivo no Brasil. Olho feio e as perguntas param por aí.
Passmos pelo rio Yamuna, e no centro caótico, pobre, sujo, vemos os macacos. E eles não estão sós: cabras, porcos, cavalos, cães e vacas. Todos na maior imundície. E começa a visitação: primeiro Mehtab Bagh, um jardim maravilhoso que faz vista para o Taj Mahal, vamos ao Itmad-ud-Daulah, que é um tumulo, uma espécie de mini Taj, e Chini Ka Rauza, outro túmulo, mas em estilo chinês. Tudo isso sob um calor escaldante.
Aí o guia, apesar de nossos protestos, nos leva a um fabricante de tapetes. Ele nos mostra todo o processo artesanal – enquanto fala, homens franzinos e mal tratados, com aparência de escravos, fazem movimentos coordenados com a explicação do marajá dos tapetes. É muita exploração do ser humano.
Saímos de mãos vazias e vamos almoçar num restaurante indicado por Mr. Giall. Vou lavar as mãos e um rapaz faz questão de abrir a torneira para mim, colocar o sabão nas minhas mãos e me entregar as toalhas – claro, quer gorjeta. Até pensei em usar o banheiro, mas eram tantas as moscas voando que desisto da ideia.

Salvação do dia
Ah, o almoço. Delicioso, divino! Ah se a Índia fosse como esse almoço... Comida quase sem pimenta, saborosa, bom atendimento. Mas não aceita cartão. Nem tudo é perfeito.

Mais atrações
Terminamos o passeio com o Agra Fort. Trata-se de um palácio belíssimo e imenso que foi casa de um imperado da India. Lá viviam ele, suas três esposas, filha, e mais de 600 concubinas. A função delas era cuidar do serviço domestico e sexual do imperador.  
Mais uma vez uma família indiana que não fala inglês pede para tirar fotos comigo. Vai entender, estamos num templo maravilhoso, no qual ao fundo se vê o Taj Mahal, mas é de mim que querem tirar fotos.
Exaustas, somos levadas de volta ao hotel no final da tarde. Afinal ainda teremos o desafio do banho.

Taj Mahal
De malas prontas, fazemos o check out do hotel e vamos ao Taj Mahal.
Descobrimos que a entrada custa 750 rupias (dos outros monumentos varia de 100 a 300) e ainda temos de pagar o transporte de um portão até o templo, num carro elétrico, pois, carros convencionais não entram para evitar a poluição e não sujar o templo de mármore.
Fico brava, o guia diz que não é culpa dele. Eu sei, é da agência de viagens que não avisou dos custos extras, é do governo, é da India, é minha de quando quis fazer essa viagem. Mas ok. O Taj Mahal é uma coisa inexplicável, maravilhosa – realmente vale a pena a visita.
Após a visita, pagamos o guia (300 rupias por monumento visitado), e o motorista nos leva a um fabricante de mármores incrustados com pedras preciosas. Novamente, uma aula de arte, diante de semi-escravos bem ensaidos.

Delhi
Antes de nos deixar no aeroporto,  Mr. Giall nos surpreende com um city tour pela sua cidade natal. E não é que a Índia tem um lugar mais agradável? Delhi é a capital, muitos casarões para políticos e embaixadas, parques. Claro que se você desce do carro, aparecem milhões de indianos querendo vender alguma coisa. Mas o super Mr. Giall os avisa para não nos pressionar. Pelo menos ele entendeu que não somos o tipo de turista que consome desenfreadamente.
Mesmo assim, é impossível esquecer a miséria. A cada farol em que paramos, crianças batem nos vidros do carro pedindo comida, dinheiro, querendo vender alguma coisa. Novamente, cadê a espiritualidade?
Mr. Giall compra uma lembrancinha religiosa, conta que é muito pobre, mas parece feliz e conformado. Sabe que nunca sairá da Índia, pois nunca terá dinheiro para pagar uma passagem. Não recebeu educação, sabe inglês por conta própria. E agradece ao grande Lorde Krishna por tudo.
Chegamos ao aeroporto. A Índia está chegando ao fim.

Delhi, 11 de agosto de 2012.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Viagem a Índia, segundas impressões


Segunda-feira, dia 06
Fui dormir quase 1h da manhã. Acordei as 3h48 e voltei a ler. A ideia de ir ao Taj Mahl volta à minha cabeça. Pelos menos a preocupação com o ticket da imigração terminou – todos o entregam na saída do aeroporto, é o procedimento normal. Voltando ao Taj Mahal, o problema é a distância e o tempo. Estamos no sul, o templo é no norte, a Índia é grande e morosa. Planejo que até a hora do almoço terei isso resolvido. Por que também há ainda uma terceira questão:  aqui mulheres são muito assediadas; mulheres ocidentais mais assediadas; mulheres brasileiras ainda mais assediadas – e branquelas como eu são verdadeira atrações públicas – ou seja, somente irei se tiver companhia.
Nao dormi mais nada. No café da manhã encontramos mais brasileiros. Aos poucos, o inglês falado pelos indianos começa a fazer sentido.  Ainda de manhã resolvemos, em grupo conhecer a cidade.

Turismo
Primeiramente, fomos a um palácio no alto da cidade. Subir as montanhas em estradas estreitas e ver a cidade no horizonte, lá embaixo, foi exatamente ver as imagens que fazia na minha cabeça ao ler livros passados na Índia no final do século XIX e começo do século XX, de autores como Kipling.
Chegamos ao primeiro palácio, em meio a vendedores insistentes, resolvemos entrar. Para isso é necessário tirar os sapatos e ir caminhando por ruas imundas descalços, até adentrar o palácio. Uma vez dentro, fazemos o bind entre os olhos com um pozinho vermelho – condição para receber as bençãos. É tudo muito belo e grande – e sujo também, a quantidade de moscas é inimaginável.
Momento celebridade
Na saída do templo, uma menininha indiana pede com gestos para tirar uma foto comigo, o que faço – na sequencia vem suas irmãs, familares, todo seu grupo. Apenas paramos porque a chuva aperta, e o meu grupo quer voltar para o carro.
Depois disso, voltamos ao cotidiano indiano: terra, moscas, sujeira, vacas, flatulência, cuspes e assédio. E muitas, muitas cores. Passamos no museu de cera sobre sons mais bizarro que já vi. Alguns insrumentos, músicos e diversas origens, telefones, gravadores, o Ghandi, e uma caveira com a frase “Don’t use Drugs”. Sem mencionar a placa de proibido cuspir.
Vamos ainda a outro templo, o de Mysore, construido no inicio do século XX, com um jardim deslumbrante. Eu nao entro, pois teria de titar o sapato e devido a chuva, o templo está inundado – nao vou enfiar meu pé naquela água duvidosa.
Aproxima-se a hora de apresentar nosso trabalho. Corremos de volta ao hotel e percebo que tenho menos de meia hora para almoçar, colocar uma roupa mais arrumadinha e chegar na universidade. Pelo menos lavei meus pés.

No evento
Fazemos a inscrição, colocamos nosso poster, e depois sucesso. Pela primeira leitura, percebemos o quanto o Brasil tem a contribuir com estudos e práticas. Parece que estamos bem a frente de muita gente. Falta apenas publicar.
A abertura oficial também foi bacana. Mistura de religião e ciência. Excelente apresentação da ISKO e de seu desenvolvimento. E excelente explanação de um professor indiano, de outra área, sobre o desenvolvimento do conhecimento e da informação.
Mais para o fim da abertura, um mal estar toma conta de mim, e vou circular um pouco. Tudo que vejo é meu chuveiro e minha cama. Aguento firme, pois ainda teremos a apresentação cultural e o jantar. Foram cinco danças, onde mãos, pés e cabeças regem a expressão corporal.
Infelizmente, o jantar lembrou algo tipo bandejão da USP… Composto pela tradicional fila indiana (aqui, original), e comida ruinzinha… Comi apenas pão e sorvete. A verdade é que eu não aguentava mais, queria a todo custo voltar para o hotel. Assim que vi o carro do evento, me enfiei dentro e me fui. Quando dei por mim já estava na cama, limpa, leve e solta.
Novamente acordamos as 3h48 da madrugada. Senti meus olhos grudados, fui ao banheiro e tirei algum resquicio de maquiagem. Voltei a dormir. Quando acordei de fato, percebi  que estava com conjuntivite – nos dois olhos.

Tea break
Aqui não temos coffee-break, mas tea break, apesar de tanto chá como café serem oferecidos. Bem, mas foi durante esse momento que minha orientadora procurou o professor organizador pediu para arrumar um médico para mim. Ele, muito sábio (graças a Deus!) disse que antes disso me daria um colírio. Raghavan, seu lindo!
Tomo uns três Tais (chá com leite) bem gostosos e fico mais um pouco. Voltamos ao hotel para almoçar, e voltamos para a Universidade de Tuc Tuc – uma honda Bizz que leva umas quatro pessoas além do motorista, devagar e super tremendo. Imperdível para quem vem aqui.

Momento celebridade 2
As 3h30 saímos mais cedo do evento. Na saída, olhamos o jornal local pendurado no mural com a cobertura do evento. Quem está na foto que ilustra a notícia? Sim esta que vos escreve. Rio muito, e vou com mais colegas a uma loja local. La adquiri meus trajes típicos e agora ando como uma verdadeira indiana – me sinto até mesmo mais morena.
Tomamos umas cervejas e finalmente decido minha viagem ao Taj Mahal. Vou com minha orientadora, passagens compradas, hotel, taxis e passeios agendados. Uhuu.
Desmaio, não acordo na madrugada, e vou para o evento no dia seguinte, muito feliz.

Terceiro dia de Congresso
Começamos com uma excelente palestra, sobre Social Tagging. Apesar disso, o clima é levemente tenso, pois de tarde haverá assembléia. Não dá para fugir da política. Mas tudo bem, algumas boas palestras depois, voltamos ao hotel.
Chamamos um taxi e vamos a um mercado para ver especiarias e incensos. IMPOSSÍVEL. O assedio é tamanho, sujeira, calor, vendedores que não te deixam em paz, e se você para a fim de ver algum produto, surgem uns trezentos indianos oferecendo tudo, menos o que você gostaria de comprar. “Apenas olhe”, insiste um comigo. Nem respondo e pelo visto sou xingada... Apesar de termos combinado com o motorista que ficaríamos meia hora no local, menos de quinze minutos depois já voltamos ao carro, e de mãos vazias.
Quem foi que disse que aqui dava para comprar seda e incenso? É mentira, você não consegue acessar o produto, quando faz geralmente nem é tão barato assim.
Pelo menos o dia se encerra com champagne – é a confraternização dos 18 brasileiros em Mysore.
Hora de arrumar as malas.
Mysore, Índia, 8 de agosto de 2012, 23h00.

domingo, 5 de agosto de 2012

Viagem a Índia, primeiras impressões






Dia 3 de agosto – partida de São Paulo.
Primeiro trecho, SP-Paris. 11 horas de viagem. Tranquilidade e gentileza. E também fartura. Será porque a companhia aérea é francesa? Sento-me ao lado de uma senhora, filha de egipicios, que me dá algumas dicas, entre elas de um filme, O Exótico Marigold. Não consigo assisti-lo no avião.
Aeroporto Charles de Gaulle. A primeira pessoa a quem peço ajuda responde rispidamente. Talvez porque eu tenha perguntado em inglês. Argumento que morre com as duas funcionárias seguintes, que sorridentes, respondem que sim, falam inglês e me indicam o caminho até o portão de embarque correto. La, espero por menos de uma hora, confortavelmente, ao som de um pianista talentoso, a chamada para embarcar.

Segundo trecho, Paris-Bangalore. 10 horas de viagem.
Rezo para não sentar ao lado de indianos (refiro-me aos homens mesmo). O universo conspira ao meu favor – fico ao lado de duas americanas muito simpáticas e tranquilas. Aproveito para ver o filme indicado no vôo anterior. Filme inglês que se passa na Índia. Bacana, um pouco água com açúcar para o meu gosto, mas já fico mais animada com o que me espera na Índia.
Imigração: implicam com a data da minha vacina, mas mesmo assim me liberaram (20 dias não são suficientes de antecedência?). Passo, pedem novamente  meu documento, passo por detectores de metal, pego a minha bagagem, vou ao banheiro. Tudo ok.
Para sair do desembarque, pedem que eu entregue o ticket da imigração. Com sono atrasado há mais de 24 horas nem discuto. La fora, encontro as pessoas que vieram me buscar. Dois simpáticos mestrandos da universidade de Mysore. Um se chama Amit, o outro...
Aguardamos enquanto mais dois outros congressistas chegam. Eram para ser mais cinco, mas três tiveram problemas e não chegaram. As duas da manhã somos colocados no taxi. A viagem é de Bangalore até Mysore, conforme nos foi dito por email, dura cerca de 1h30 a 2h.

Terceiro trecho, carro Bangalore – Mysore. 4 horas de viagem.
O taxista nos conduz em silêncio (quer dizer, ele não fala, mas buzina constantemente). Eventualmente seu celular toca, e ele responde em hindu. No meio do caminho, vem o estalo na minha mente: O ticket da imigração! Ele deveria ficar comigo até eu sair da Índia! Nos outros países que visitei é assim... Pronto, já perdi minha tranqüilidade. Olho para os lados, mas os  dois colegas americanos dormem.
Após mais de duas horas de viagem, vemos uma barraquinha na beira da estrada. O motorista passa um pouco, estaciona, diz algo ao americano (ele não fala com as mulheres), desce e some. Xixi? Chá? Bem, após 15 minutos ele reaparece, e mais feliz, começa a contar onde estão os templos de Mysore, a perguntar de onde somos (sempre se direcionando ao homem do grupo), enfim, mais animado. A cidade continua escura, mas já vemos pessoas nas ruas. Trajes coloridos, homens de branco, com sandálias simples e as vezes descalços. Nas lombadas, quando os carros desaceleram, aparecem mulheres envoltas em véus azuis vendendo colares. E ainda não é nem cinco da manhã.
Faltando dez para as 6h da manhã chegamos ao hotel. É menos do que eu esperava, mas mesmo assim, muito bom. Arrumo minhas coisas, tomo um banho, e aproveito para tomar um pequeno desjejum antes de dormir.
Aproveito para pedir a senha de Wi-Fi. O hotel cobra 200 rupias por dia, ou mil por semana. Estou tão cansada que não consigo decidir e deixo para depois. Subo, ponho o pijama e desmaio.
Quase 1h da tarde me ligam da recepção. Minhas amigas chegaram – uma delas vai dividir o quarto comigo. Levanto  e vamos almoçar. Um funcionário do hotel nos indica um local, mas não entendemos direito, e seguimos caminhando. Sempre abordada pelos tuc tucs. Um homem pergunta calmamente se estamos a procura do mercado. Explicamos que queremos um restaurante. Ele diz que como é domingo, a maior parte do comércio está fechada. E nos indica um restaurante – dessa vez conseguimos encontrá-lo. O homem reaparece, e nos conta que é motorista de tuc tuc, que mais tarde haverá um festival gratuito, que ele poderá nos levar, etc...
Pedimos nossos pratos. Tudo extremamente apimentado, mesmo para meus parâmetros. Por sorte, acompanha um pão de arroz fininho e delicioso, que ajuda a quebrar um  pouco da ardência. E no final da refeição algo bem interessante. Sementes de erva doce açucaradas. Após comer um punhadinho, até me esqueço das pimentas. Super refrescante.
Vamos a uma loja de jóias e pachiminas. Fico encantada, conversa vai, conversa vem, consigo excelentes descontos.
Subo para dormir mais um pouco, ainda não estou recuperada e segunda-feira apresento meu trabalho no congresso. Coloco o sinal de ‘não pertube’ na porta. Algumas horas depois ligam da recepção perguntando porque não posso ser perturbada. Explico que eu minha colega viajamos por mais de 24 horas e que queremos descansar. O moço da recepção se desculpa.
Nove horas da noite, vou jantar com outra amiga. Conseguimos, no restaurante do próprio hotel coisas menos apimentadas, e sobremesas deliciosas. Vamos ao bar da piscina e ainda tomamos uma cerveja com mais brasileiros que vieram para o congresso também. Quer dizerm, minha amiga e eu, eles estavam tomando café.
E mais um dia termina.
Mysore, Índia, 6 de agosto de 2012, 00h15.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Nelson Gonçalves


Eu tenho todas as provas… a cada dia vejo mais uma foto. E a cada dia dou mais uma deixa.
E é exatamente por isso que eu fico feliz a cada dia seguinte. Pois no anterior eu quase caio em tentação. Mas sou forte, racional, madura. E a cada dia mais feliz e livre... Afinal todas essas deixas nada mais são do que pequenas prisões diárias.

Liberdade, aqui me tens de regresso... (Porque a boemia, ahhh, essa eu nunca irei largar).

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O que mais dói não é a substituição. É simplesmente descartar e não por nada no lugar.