Dia 3 de agosto – partida de São Paulo.
Primeiro trecho, SP-Paris. 11 horas de viagem. Tranquilidade
e gentileza. E também fartura. Será porque a companhia aérea é francesa?
Sento-me ao lado de uma senhora, filha de egipicios, que me dá algumas dicas,
entre elas de um filme, O Exótico Marigold. Não consigo assisti-lo no avião.
Aeroporto Charles de Gaulle. A primeira pessoa a quem peço
ajuda responde rispidamente. Talvez porque eu tenha perguntado em inglês.
Argumento que morre com as duas funcionárias seguintes, que sorridentes,
respondem que sim, falam inglês e me indicam o caminho até o portão de embarque
correto. La, espero por menos de uma hora, confortavelmente, ao som de um
pianista talentoso, a chamada para embarcar.
Segundo trecho, Paris-Bangalore. 10 horas de viagem.
Rezo para não sentar ao lado de indianos (refiro-me aos
homens mesmo). O universo conspira ao meu favor – fico ao lado de duas
americanas muito simpáticas e tranquilas. Aproveito para ver o filme indicado
no vôo anterior. Filme inglês que se passa na Índia. Bacana, um pouco água com açúcar
para o meu gosto, mas já fico mais animada com o que me espera na Índia.
Imigração: implicam com a data da minha vacina, mas mesmo
assim me liberaram (20 dias não são suficientes de antecedência?). Passo, pedem
novamente meu documento, passo por
detectores de metal, pego a minha bagagem, vou ao banheiro. Tudo ok.
Para sair do desembarque, pedem que eu entregue o ticket da
imigração. Com sono atrasado há mais de 24 horas nem discuto. La fora, encontro
as pessoas que vieram me buscar. Dois simpáticos mestrandos da universidade de
Mysore. Um se chama Amit, o outro...
Aguardamos enquanto mais dois outros congressistas chegam.
Eram para ser mais cinco, mas três tiveram problemas e não chegaram. As duas da
manhã somos colocados no taxi. A viagem é de Bangalore até Mysore, conforme nos
foi dito por email, dura cerca de 1h30 a 2h.
Terceiro trecho, carro Bangalore – Mysore. 4 horas de
viagem.
O taxista nos conduz em silêncio (quer dizer, ele não fala,
mas buzina constantemente). Eventualmente seu celular toca, e ele responde em
hindu. No meio do caminho, vem o estalo na minha mente: O ticket da imigração!
Ele deveria ficar comigo até eu sair da Índia! Nos outros países que visitei é
assim... Pronto, já perdi minha tranqüilidade. Olho para os lados, mas os dois colegas americanos dormem.
Após mais de duas horas de viagem, vemos uma barraquinha na
beira da estrada. O motorista passa um pouco, estaciona, diz algo ao americano
(ele não fala com as mulheres), desce e some. Xixi? Chá? Bem, após 15 minutos
ele reaparece, e mais feliz, começa a contar onde estão os templos de Mysore, a
perguntar de onde somos (sempre se direcionando ao homem do grupo), enfim, mais
animado. A cidade continua escura, mas já vemos pessoas nas ruas. Trajes
coloridos, homens de branco, com sandálias simples e as vezes descalços. Nas
lombadas, quando os carros desaceleram, aparecem mulheres envoltas em véus azuis
vendendo colares. E ainda não é nem cinco da manhã.
Faltando dez para as 6h da manhã chegamos ao hotel. É menos
do que eu esperava, mas mesmo assim, muito bom. Arrumo minhas coisas, tomo um
banho, e aproveito para tomar um pequeno desjejum antes de dormir.
Aproveito para pedir a senha de Wi-Fi. O hotel cobra 200
rupias por dia, ou mil por semana. Estou tão cansada que não consigo decidir e
deixo para depois. Subo, ponho o pijama e desmaio.
Quase 1h da tarde me ligam da recepção. Minhas amigas
chegaram – uma delas vai dividir o quarto comigo. Levanto e vamos almoçar. Um funcionário do hotel nos
indica um local, mas não entendemos direito, e seguimos caminhando. Sempre
abordada pelos tuc tucs. Um homem pergunta calmamente se estamos a procura do
mercado. Explicamos que queremos um restaurante. Ele diz que como é domingo, a
maior parte do comércio está fechada. E nos indica um restaurante – dessa vez
conseguimos encontrá-lo. O homem reaparece, e nos conta que é motorista de tuc
tuc, que mais tarde haverá um festival gratuito, que ele poderá nos levar, etc...
Pedimos nossos pratos. Tudo extremamente apimentado, mesmo
para meus parâmetros. Por sorte, acompanha um pão de arroz fininho e delicioso,
que ajuda a quebrar um pouco da ardência.
E no final da refeição algo bem interessante. Sementes de erva doce açucaradas.
Após comer um punhadinho, até me esqueço das pimentas. Super refrescante.
Vamos a uma loja de jóias e pachiminas. Fico encantada,
conversa vai, conversa vem, consigo excelentes descontos.
Subo para dormir mais um pouco, ainda não estou recuperada e
segunda-feira apresento meu trabalho no congresso. Coloco o sinal de ‘não pertube’
na porta. Algumas horas depois ligam da recepção perguntando porque não posso
ser perturbada. Explico que eu minha colega viajamos por mais de 24 horas e que
queremos descansar. O moço da recepção se desculpa.
Nove horas da noite, vou jantar com outra amiga.
Conseguimos, no restaurante do próprio hotel coisas menos apimentadas, e
sobremesas deliciosas. Vamos ao bar da piscina e ainda tomamos uma cerveja com
mais brasileiros que vieram para o congresso também. Quer dizerm, minha amiga e
eu, eles estavam tomando café.
E mais um dia termina.
Mysore, Índia, 6 de agosto de 2012, 00h15.
Michely. Imagino que a experiência está sendo, no mínimo, diferente. Adorei seu relato. Continue contando. Aproveite bastante. beijo, marilda
ResponderExcluirMichely, muito legal a sua chegada. Um diário de viagem no melhor dos estilos. Tudo de bom na sua apresentação. bjs.
ResponderExcluirValeu! :)
ExcluirDiário de bordo nota 10! Amei! Bjs e boa sorte
ResponderExcluirbarbaro
ResponderExcluir:)
ExcluirOie! Estou comendo samosa de legumes com curry, BEM ardidinho (mais do que eu estou acostumada) umas sementes açucaradas dessas tb iam ser legais agora :) (fiquei com água na boca :D
ResponderExcluirAhahahah
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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