quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Viagem a Índia, segundas impressões


Segunda-feira, dia 06
Fui dormir quase 1h da manhã. Acordei as 3h48 e voltei a ler. A ideia de ir ao Taj Mahl volta à minha cabeça. Pelos menos a preocupação com o ticket da imigração terminou – todos o entregam na saída do aeroporto, é o procedimento normal. Voltando ao Taj Mahal, o problema é a distância e o tempo. Estamos no sul, o templo é no norte, a Índia é grande e morosa. Planejo que até a hora do almoço terei isso resolvido. Por que também há ainda uma terceira questão:  aqui mulheres são muito assediadas; mulheres ocidentais mais assediadas; mulheres brasileiras ainda mais assediadas – e branquelas como eu são verdadeira atrações públicas – ou seja, somente irei se tiver companhia.
Nao dormi mais nada. No café da manhã encontramos mais brasileiros. Aos poucos, o inglês falado pelos indianos começa a fazer sentido.  Ainda de manhã resolvemos, em grupo conhecer a cidade.

Turismo
Primeiramente, fomos a um palácio no alto da cidade. Subir as montanhas em estradas estreitas e ver a cidade no horizonte, lá embaixo, foi exatamente ver as imagens que fazia na minha cabeça ao ler livros passados na Índia no final do século XIX e começo do século XX, de autores como Kipling.
Chegamos ao primeiro palácio, em meio a vendedores insistentes, resolvemos entrar. Para isso é necessário tirar os sapatos e ir caminhando por ruas imundas descalços, até adentrar o palácio. Uma vez dentro, fazemos o bind entre os olhos com um pozinho vermelho – condição para receber as bençãos. É tudo muito belo e grande – e sujo também, a quantidade de moscas é inimaginável.
Momento celebridade
Na saída do templo, uma menininha indiana pede com gestos para tirar uma foto comigo, o que faço – na sequencia vem suas irmãs, familares, todo seu grupo. Apenas paramos porque a chuva aperta, e o meu grupo quer voltar para o carro.
Depois disso, voltamos ao cotidiano indiano: terra, moscas, sujeira, vacas, flatulência, cuspes e assédio. E muitas, muitas cores. Passamos no museu de cera sobre sons mais bizarro que já vi. Alguns insrumentos, músicos e diversas origens, telefones, gravadores, o Ghandi, e uma caveira com a frase “Don’t use Drugs”. Sem mencionar a placa de proibido cuspir.
Vamos ainda a outro templo, o de Mysore, construido no inicio do século XX, com um jardim deslumbrante. Eu nao entro, pois teria de titar o sapato e devido a chuva, o templo está inundado – nao vou enfiar meu pé naquela água duvidosa.
Aproxima-se a hora de apresentar nosso trabalho. Corremos de volta ao hotel e percebo que tenho menos de meia hora para almoçar, colocar uma roupa mais arrumadinha e chegar na universidade. Pelo menos lavei meus pés.

No evento
Fazemos a inscrição, colocamos nosso poster, e depois sucesso. Pela primeira leitura, percebemos o quanto o Brasil tem a contribuir com estudos e práticas. Parece que estamos bem a frente de muita gente. Falta apenas publicar.
A abertura oficial também foi bacana. Mistura de religião e ciência. Excelente apresentação da ISKO e de seu desenvolvimento. E excelente explanação de um professor indiano, de outra área, sobre o desenvolvimento do conhecimento e da informação.
Mais para o fim da abertura, um mal estar toma conta de mim, e vou circular um pouco. Tudo que vejo é meu chuveiro e minha cama. Aguento firme, pois ainda teremos a apresentação cultural e o jantar. Foram cinco danças, onde mãos, pés e cabeças regem a expressão corporal.
Infelizmente, o jantar lembrou algo tipo bandejão da USP… Composto pela tradicional fila indiana (aqui, original), e comida ruinzinha… Comi apenas pão e sorvete. A verdade é que eu não aguentava mais, queria a todo custo voltar para o hotel. Assim que vi o carro do evento, me enfiei dentro e me fui. Quando dei por mim já estava na cama, limpa, leve e solta.
Novamente acordamos as 3h48 da madrugada. Senti meus olhos grudados, fui ao banheiro e tirei algum resquicio de maquiagem. Voltei a dormir. Quando acordei de fato, percebi  que estava com conjuntivite – nos dois olhos.

Tea break
Aqui não temos coffee-break, mas tea break, apesar de tanto chá como café serem oferecidos. Bem, mas foi durante esse momento que minha orientadora procurou o professor organizador pediu para arrumar um médico para mim. Ele, muito sábio (graças a Deus!) disse que antes disso me daria um colírio. Raghavan, seu lindo!
Tomo uns três Tais (chá com leite) bem gostosos e fico mais um pouco. Voltamos ao hotel para almoçar, e voltamos para a Universidade de Tuc Tuc – uma honda Bizz que leva umas quatro pessoas além do motorista, devagar e super tremendo. Imperdível para quem vem aqui.

Momento celebridade 2
As 3h30 saímos mais cedo do evento. Na saída, olhamos o jornal local pendurado no mural com a cobertura do evento. Quem está na foto que ilustra a notícia? Sim esta que vos escreve. Rio muito, e vou com mais colegas a uma loja local. La adquiri meus trajes típicos e agora ando como uma verdadeira indiana – me sinto até mesmo mais morena.
Tomamos umas cervejas e finalmente decido minha viagem ao Taj Mahal. Vou com minha orientadora, passagens compradas, hotel, taxis e passeios agendados. Uhuu.
Desmaio, não acordo na madrugada, e vou para o evento no dia seguinte, muito feliz.

Terceiro dia de Congresso
Começamos com uma excelente palestra, sobre Social Tagging. Apesar disso, o clima é levemente tenso, pois de tarde haverá assembléia. Não dá para fugir da política. Mas tudo bem, algumas boas palestras depois, voltamos ao hotel.
Chamamos um taxi e vamos a um mercado para ver especiarias e incensos. IMPOSSÍVEL. O assedio é tamanho, sujeira, calor, vendedores que não te deixam em paz, e se você para a fim de ver algum produto, surgem uns trezentos indianos oferecendo tudo, menos o que você gostaria de comprar. “Apenas olhe”, insiste um comigo. Nem respondo e pelo visto sou xingada... Apesar de termos combinado com o motorista que ficaríamos meia hora no local, menos de quinze minutos depois já voltamos ao carro, e de mãos vazias.
Quem foi que disse que aqui dava para comprar seda e incenso? É mentira, você não consegue acessar o produto, quando faz geralmente nem é tão barato assim.
Pelo menos o dia se encerra com champagne – é a confraternização dos 18 brasileiros em Mysore.
Hora de arrumar as malas.
Mysore, Índia, 8 de agosto de 2012, 23h00.

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