sábado, 21 de abril de 2012

O CARA (se foi)


A história é aquela de sempre: Vivemos para morrer. Mas na hora H é sempre difícil. Difícil para quem se vai, imagino eu. E mais difícil para quem fica.
Chamem do que quiserem: privação, apego, insegurança, desconhecimento... O fato é que muita gente, e eu no meio, não sabe como lidar com isso. E se morte vem antes da velhice (apesar de também ser difícil estabelecer esse limite ou entender o fato como justificativa), é aí que o bicho pega...
Há uma semana perdi um dos meus melhores amigos. Acidente de carro, 32 anos, filha de 11 anos, namorada, ap novo, emprego novo, etc, etc, etc... Morte besta, idiota e cretina.
Tudo isso é muito, muito doloroso mesmo. Fisicamente doloroso. Emocionalmente doloroso. Eu achei que ele sempre fosse estar lá enquanto EU vivesse... Foi então que esqueci um pouco da minha vida e passei a pensar na vida dele (que agora tinha começo, meio e fim): Que vida intensa!
Desde novo, sempre fazendo tudo. Trabalhando, estudando, balada, amigos, namoradas, viagens. Desde sempre. No meio disso um cochilo ou outro, mas nunca uma pausa.
E ele ainda tinha tempo para cuidar dos outros: da família, da namorada, da filha, de mim, dos amigos. Mesmo quando estivemos afastados ele tinha a pachorra de saber tudo o que se passava na minha vida... O que dirá quem esteve perto o tempo todo.
Lembro de todas as broncas que levei dele... Lembro das comemorações que passamos juntos, dos amigos que fizemos (e desfizemos), as viagens... As bebedeiras, as loucuras, gargalhadas e gritos. Lembro de uma menina que conhecemos em São Thomé das Letras que disse que nós parecíamos saídos de algum seriado... Era impossível não rir com a gente.
Ahh cara... Se eu for falar de todas as histórias que lembro... afinal foi desde 1994, quando você e sua turma me salvaram do marasmo entediante que era ser uma adolescente...
Mas a última lembrança é ótima: você aqui em casa, o abração fraternal, as risadas até altas horas... sempre como se o tempo nunca tivesse passado. Você lindo, com uma vida ajeitada, sorrindo diante das perspectivas e de tudo o que foi conquistado. Ah, meu querido... eu sei que ainda teríamos mil aventuras para viver... Mas com certeza as milhões que vivemos antes disso valeram a pena demais...
Esquecer está fora de cogitação – superar, até antes do que você possa imaginar, pois assim como você, eu amo viver...
Meu amigo, meu irmão, vou te amar para sempre!!! Afinal, você é e sempre será O cara!!!

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E um trecho música que não sai da minha cabeça:

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land ?

(The End, The Doors)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Problemas Burgueses (*)


Perder é sempre complicado. Ok, eu lido bem, mas passo uns instantes que beiram a loucura.
Perder tempo... isso é muito ruim, principalmente quando eu penso em todos os prazo que rondam a minha agenda. Pensar que eu podia ter trabalhado mais, estudado mais, e até dormido mais...
Perder energia... sim, energia... Eu pus energia no negócio... ainda que soubesse que as chances eram pequenas. E ai veio o primeiro sinal – pensei, apenas coincidência... veio o segundo sinal – mas de repente houve algum problema de comunicação... e agora o terceiro sinal. Bem com isso, até eu que sou paciente, paro.
No começo fiquei triste mesmo, achando que a culpa era minha. Depois fiquei com ódio, achando que a culpa era alheia. Agora estou apenas passada, afinal, não foi culpa de ninguém, nada havia sido combinado ou dito, era uma questão apenas de bom senso.
Passada e com sensação de tempo perdido – isso é tão irritante...e tão burguês...

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Momento musical 1:
Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
(Tempo Perdido, Legião Urbana)
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Momento musical 2:
Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain
You are young and life is long and there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun.
(Time, Pink Floyd)
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(*) Problemas burgueses
Frase que ouvi na peça Paraíso, de Dib Carneiro, com a direção de Antonio Abujamra. Na trama, um casal é forçado ao convívio extremo para acertar as contas de um longo relacionamento em um espaço indefinido, um paraíso ou uma prisão. A encenação suscita questões existenciais, crises e paixões possíveis em relacionamentos amorosos.
E a mulher fala, fala e fala... Parece até um tipo interessante, mas na verdade, por detrás de tudo há interesses. É quando de repente, o homem, que está preocupado com o filho manda ela se calar e parar de saturá-lo com seus problemas burgueses... Achei ótimo!
Porque na verdade, quase tudo que hoje é tema de reclamação não passa de problemas inventados por uma massa que já sobrevive bem, então começa a inventar coisas para se preocupar...
Não quero problemas burgueses!!!

domingo, 1 de abril de 2012

Prazer em Ler




Não tem como. Não tem por onde. Eu amo ler. Ler para mim é a possibilidade de testar vários mundos, de viver mais vidas. É nos livros que eu também encontro minhas explicações para os fatos cotidianos e também para os acontecimentos mais bizarros.
Ler me acalma, me faz ter paciência para enfrentar aquilo que está ao meu redor. Quando eu leio, é como se estivesse tocando música, é como se a natureza se manifestasse com toda a sua força.
Eu entendo que algumas pessoas não leiam. Mas não entendo como agüentam – a impressão que tenho é que são reféns de apenas um tipo de vida. O poder de abstração diminui.
Mas penso que é necessário dizer também que leitura é um hábito, e não um dom. Conheço algumas pessoas que não lêem, mas têm curiosidade – apenas não encaixaram isso na sua vida ainda. Meu pai, por exemplo, não lia. O negócio dele era televisão, mesmo que não gostasse do que estava passando. Hoje ainda é, mas lá pelos seus cinqüenta e poucos anos leu um livro que gostou tanto e que acabou por despertar seu gosto pela leitura. Hoje em dia, sempre sai com um livro. Lê todas as noites antes de dormir.
O que me assusta são as pessoas que não lêem e que dizem que não lerão nunca. Conheci um rapaz que não lia, nem via filmes, só assistia programas de TV – na verdade o negócio dele é internet e msn. Não sei como ele concluiu a faculdade de comunicação. E talvez, em relação a ele, o que mais me deixava inconformada foi saber que ele tinha um parentesco com Zélia Gattai, que foi vê-la, que ela lhe deu livros autografados, e que estes estão até hoje intactos dentro de uma caixinha na casa do mocinho.
Enfim leiam. Dêem livros de presentes, comprem novos, comprem em sebos, emprestem nas bibliotecas. Se você ainda não gosta de ler, vá tentando, um dia vai descobrir um autor ou um estilo que vai se encaixar como uma luva. Não precisa ficar como eu, que muitas vezes troco a companhia das pessoas para ler, mas leia – como última justificativa, lembro que ler ajuda a evitar o mal de Alzheimer.
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Fiquei tão contente de poder colocar meus livros arrumadinhos na estante na minha casa nova. A anterior era muito pequena, e eles ficavam em caixas. Agora, eles servem até de decoração – minha mesa de centro estão alguns que vira e mexe gosto de folhear. E o próximo passo é trazer muitos dos livros que tive, por falta de espaço, de deixar na casa dos meus pais. Mal vejo a hora de tê-los comigo.
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Mas não se deve apenas ler. Ouvir música, ver filmes, passear, viajar, tudo deve ser feito, alguns mais outros menos – se possível, muito de tudo!