domingo, 28 de novembro de 2010

Cansaço de que


Há dias em que simplesmente não agüento mais. Tudo dói. O silencio dói, o barulho dói, a mentira, o despeito, falta de delicadeza doem.
E vêm os amigos. “Vamos sair”, dizem eles, “precisamos conversar, você não pode ficar aí”. “Mas eu estou cansada”, respondo, sem o menor peso na consciência. E surge a dúvida. Será que realmente eles entendem quando digo que estou cansada?
Meu corpo está cansado. Faz muito calor e meu trabalho me exige demais. Eu gosto, é divertido, mas ao fim realmente estou esgotada, com dor nos pés e nos pulsos.
Minha mente está cansada. Os testes foram marcados todos para o final do ano, seleção, entrega de projeto, avaliações. Tudo tem de ser feito antes do natal.
Meu coração está cansado. Amigos e amores realmente não me entendem. Não entendem que há lugares que eu não devo ir, pessoas que eu não devo ver, porque, sobretudo, trazem de lembranças das coisas que eu quase realizei, mas que não vingaram. E isso me cansa profundamente.
Cansa saber que eu tentei, algumas vezes, alterar algumas situações. Cansa ver que ver que não deu certo. Cansa lembrar o fracasso. Cansa ver que as pessoas ao meu redor não entendem meu despeito, o meu não conformismo. E pensar que estou de cercada de pessoas de boas famílias, que estudam ou estudaram, que fizeram faculdade, pós-graduação, viajaram pelo mundo. E que simplesmente não enxergam um palmo a sua frente.
A ignorância me cansa. Principalmente a ignorância que é desejada, que permanece nas pessoas com “cultura”, nas pessoas “espiritualizadas”. Enquanto o cansaço e a dor provocada por eles não passar, ficarei no meu canto.

*****

Graças aos céus, mas nem todos são assim. Minutos antes de eu terminar este texto, fui procurada por pessoas que tem amor no coração, que ouvem, e que são prazerosas de ouvir.

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