segunda-feira, 12 de março de 2012

Tesão de Show


Este final de semana eu assisti a dois shows: Sisters of Mercy e Morrissey. E enquanto presenciava as performances, ouvia o som, via a reação da platéia, ficou difícil não fazer analogias. E ter lembranças.
A primeira lembrança é adolescente. Claro, conheci os dois no mesmo momento, sempre ouvia os dois nos locais que freqüentava, gravei fitas k7 com esses sons para mim e para alguns amigos. Depois, vieram todas as baladas, festas e pessoas que compartilharam esse gosto comigo.
Então foi assim:

Sábado a noite Sisters of Mercy.


Muita expectativa, não havia conseguido ir ao show de 2009, e em 1990 eu tinha apenas 12 anos (ah, se eu fosse um whisky...).
O que eu sabia: o show de 2009 aparentemente não tinha agradado muito pela frieza da banda... Mas o que se queria? Que o vocalista gritasse “Tira o pé do chão!”?; Houve muita fumaça, e não se via o baterista... Epa... mas o sisters não tem baterista humano. A bateria é eletrônica, conhecida como Doktor Avalanche; O que eu vi e ouvi: Fumaça; Áudio baixo; Uma camiseta amarela (?!?!?!?), que penso ser algum tipo de homenagem ao Brasil... A voz cavernosa do Andrew continua a mesma. Mas cadê o cabelo? Que barba é aquela... Ok, isso não vai influenciar a qualidade da música.
Dizer que eu não gostei do show, assim, com letras maiúsculas, seria mentira. Claro que eu gostei – eu amo Sisters, então ouvir Kiss the Carpet, Ribbons, Doctor Jeep / Detonation Boulevard, Crash and Burn, Alice, Amphetamine Logic, Arms, Dominion / Mother Russia, Summer, On the Wire, Gift That Shines, First and Last and Always, This Corrosion, Pipeline, More, Flood II, Something Fast, Lucretia My Reflection, Rain From Heaven, Temple of Love, Vision Thing, foi simplesmente maravilhoso. Além do mais, o show foi no Via Funchal, que eu considero um dos melhores lugares para shows – você enxerga de todos os lugares, não precisa ir ao bar pois os vendedores vem até você, é mais largo que comprido e arejado – às vezes até frio demais, e olha que sou calorenta!
Dizer que eu gostei, também, seria talvez mentiroso – o áudio estava ruim, e algumas músicas foram tocadas de uma maneira curta e simples, como, por exemplo, Temple of Love – isso deixa muito a desejar. Show curto, breve, acabado após duas voltas para bis... Senti falta da cover dos Stones Gimme Shelter, da cover dos Stooges 1969, de Walk Away, Valentine, Body and Soul, enfim da obra completa... Eu sempre quero tudo. Saí com vontade de colocar o cd, para ouvir melhor as músicas... Fui pro Madame dançar, quase a mesma coisa, ;)
Foi como sexo com alguém que já foi bem um dia, mas hoje já não manda tão bem, e o que salva é o carinho que se sente. Esse talvez seja o problema das expectativas. E ficamos nessa.

Domingo de Morrissey.

Cheguei cansada e já tecendo comparações... a que mais martelou na cabeça foi a idade de Morrissey e do Andrew (sisters): ambos com 52 anos... Será que o Moz iria também ser frio? Eu fora ao show de 2000, e lembro que gostei, apesar de na época o tio ainda estar brigada o Johnny Mars e evitar tocar coisas dos Smiths. Naquela época, eu conhecia bem pouco de sua carreira solo.
Mas agora ia ser diferente: carreira solo solidificada, certa reconciliação com o som dos Smiths, bons ventos vindos de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde ele tocou dias antes.
O que eu vi e ouvi: primeiro, uma casa lotada, que não tem aquela espaço em escada, que permite que quem está mais para trás veja como quem está frente. Ou seja, como eu estava na pista comum e não na premium, fiz das tripas coração para chegar à grade limite entre as duas, foi uma luta árdua, mas consegui.
Ai começa um show de abertura: Kristeen Young... legal curti, mas é sempre aquela coisa... o povo está lá para ver o Morrissey, então mesmo sendo um som bom, não se vê a hora da mulher ir embora. E ela vai! E ai começa uma sucessão de videoclipes antigos... Ok, legal, mas de novo, cadê esse homem que não vem logo! O resfriado e o cansaço começam a pesar, eu dou uma olhada para ao bar, que está a milhares de pessoas de mim, e desisto... deixo a cerveja para depois.
E eis que as 21h05 o show começa! E que show! Cativante, Morrissey entra de corpo e alma na música, e todo mundo canta junto (eu tento, mas estou quase sem voz). Moz conversa com o público, dança, enfim delírio. Aos sons dos Smiths eu me emociono demais! Não tem como, sua carreira sola é impecável e as letras continuam maravilhosas, mas nada supera a dor cantada pelos Smiths.
Sabe aquela analogia... desta vez tesão total!

*****

FIRST, LAST AND ALWAYS: Mine! Independente de qualquer coisa, eu sigo amando o Sisters, e se o preço não for exorbitante, continuarei indo aos shows.
Ainda há esperança em maio teremos The Mission no Cine Jóia, que eu considero um espaço bem mais bacana do que o Espaço das Américas. Só pra lembrar, o vocal do Mission era guitarrista do Sisters, e compôs varias musicas da irmandade da misericórdia. Para alegria dos góticos,
Quanto ao Morrissey, só tenho a agradecer: você continua o Máximo, seu lindo!!! E eu continuo a mesma adolescente sofredora, que se emociona com suas músicas!

*****

Proponho uma utopia: que tal um manifesto gótico para um mundo mais feliz?

Alice in her party dress
She thanks you kindly
So serene
She needs you like she needs her tranqs
To tell her that the world is clean
Promise her a definition
Tell her where the rain will fall
Tell her where the sun shines bright
And tell her she can have it all
Today
(Alice, Sisters of Mercy)

Nenhum comentário:

Postar um comentário