segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Deixa eu falar...


Eu adoro falar... Há quem diga que quem fala muito pensa menos, mas não é verdade. Eu penso um monte. E quando vejo, já estou longe, longe do que me fez começar a pensar. E é por isso que meditação ajuda – acalma a mente. Mas como é demorado parar a mente!
Enfim, voltando, já que eu adoro falar, e adoro pensar, e adoro falar o que penso, eu pensei: devia escrever mais. E não simplesmente escrever, mas fazer cartas, ensaios, no maior estilo Montaigne (modesta, não...). Imaginar que estou me dirigindo a alguém em particular, e mandar ver.
Uma vez, no escritório, eu (bibliotecária) e a secretária inventamos que tínhamos um auxiliar, o Max, que resolvia todas as pendências diárias, tudo aquilo que a gente não dava conta, ou aquelas pérolas que os chefes resolvem pedir quando você se levanta para dizer “até amanhã”.
Acho que seria assim. Até porque seria mais natural. Afinal, quando pequena já tinha um amigo imaginário, o Dinho. Ele vinha brincar comigo todos os dias, até meus três, quatro anos de idade. Depois na adolescência, eu imaginava que estava conversando com um garoto, que eu achava o mais inteligente, e tentava pensar o que ele me responderia. Era ótimo! Eu resolvia um monte de problemas só meus e que o restante da humanidade não tinha capacidade para me ajudar... Nada como um bom amigo para essas horas.
Mais tarde, eu de fato compartilhava minhas questões. Começou no RPG, e depois a turma já ia direto ao ponto dos problemas sem precisar de personagens. Com o passar do tempo, mudam as turmas, muda o conceito de turma e agora classifico minhas questões cruciais e decido qual pacotinho de idéias loucas revelo a cada pessoa que conheço. A algumas, confesso, nada ainda foi revelado. Mas hoje ninguém mais sabe de tudo.
Ano passado, após uma crise amorosa, após levar um fora e quase morrer, decidi que ia escrever minha biografia. Não para publicar, poupe-me disso. Mas para algumas pessoas que pensavam que me conheciam. Mentira: ela foi direcionada a apenas um cara, aquele que quebrou meu coração. E foi tão fácil escrever quando eu imaginei que era ele quem ia ler. E em menos de duas horas, resumi 31 anos de vida.
Então, novamente ao assunto, decidi que para não atormentar os ouvidos alheios com meus surtos, e para não me atormentar mentalmente para escolher qual pessoa é adequada para cada um dos meus falatórios mentais, escrever num blog é a solução.
Enfim, entendeu? É isso que eu quero dizer (pelo menos agora).
Ah, e não espere que eu vá revelar meu cotidiano ou minha intimidade. Eu quero mesmo é falar da minha cabeça, das vozes que tagarelam o dia inteiro dentro dela.
Esqueci de mencionar somente uma coisa: às vezes fico tão preguiçosa, que somente consigo pensar ou, vai, no máximo falar; escrever fica difícil...

.............................................

Mas será que alguém, além de mim, vai ler esses posts depois de algum tempo? Eu sei que eu, do nada, entro em blogs de gente que nem conheço e se gosto de algum post vou até o mais antigo e começo a ler.
Aí eu lembro que quando eu escrevi a tal biografia, eu mostrei para seis amigos (além de enviar ao dito cujo que causou a história toda), e apenas duas  pessoas leram inteira (e eram apenas treze páginas!) e eu sobrevivi ao menosprezo alheio numa boa. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário